Guarani-Mbyás, da aldeia Araçaí, localizada na região metropolitana de Curitiba, pediram o fim do genocídio indígena e a demarcação de suas terras.
Dezenas de indígenas da etnia Guarani-Mbyá, da Aldeia Araçaí, a cerca de 50 km de Curitiba (PR), trancaram um trecho da BR-277 na manhã de ontem (03) em protesto contra a PEC 215. Com faixas, instrumentos musicais e cantos a Nhanderú-Divindade cultuada pela etnia-, eles pediram pelo fim do genocídio indígena e pela demarcação de suas terras. O protesto durou aproximadamente quatro horas e aconteceu na altura do Km 61, próximo ao pedágio no sentido de Paranaguá, litoral do Paraná.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 em pauta foi aprovada na semana passada pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados responsável pelo tema e prevê a transferência da competência pela demarcação de terras indígenas, quilombolas e de Áreas de Proteção Ambiental (APAs) do Executivo- por meio do Ministério da Justiça- para o Legislativo. O texto ainda proíbe a ampliação de terras indígenas já demarcadas.
Segundo o cacique da Aldeia Araçaí, Laércio da Silva- Werá-Tupã no nome indígena-, a atitude de mobilização é importante para dar visibilidade à situação em que vivem atualmente. “As terras da nossa aldeia não são demarcadas, são apenas decretadas pelo Estado. Isso significa que vamos sofrer muito mais com a PEC 215”, afirma.
Aldeia Araçaí
A Aldeia Araçaí está localizada em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, e abriga um total de 78 indígenas da etnia Guarani –Mbyá. São 18 famílias com crianças, adultos e anciãos que vivem em condições precárias sob o auxílio do Programa Bolsa Família. A área da aldeia fica em uma reserva de proteção ambiental, o que impede que os indígenas possam plantar seus próprios alimentos. A maior parte das famílias garantem suas rendas a partir da venda de artesanatos e de apresentações musicais.
Segundo Werá-Tupã, que vive há 15 anos no local, antropólogos da Funai completaram há dois meses o relatório sobre as terras da aldeia- trabalho que durou mais de seis anos- e a expectativa é que o documento seja assinado pelo presidente do órgão. Os indígenas garantem que farão pressão pela demarcação das terras.