Colômbia e Venezuela reabrem suas fronteiras. O presidente colombiano Gustavo Petro e representantes do Governo Maduro se reuniram na segunda (26/09), em um ato binacional, realizado na Ponte Internacional Simón Bolívar para consumar a reaproximação diplomática. Durante o evento, caminhões carregados com produtos das duas nações atravessaram a ponte, cruzando o limite geográfico, simbolizando a retomada das relações comerciais entre elas. Em pronunciamento, o presidente Petro afirmou: “Haverá, sem dúvidas, obstáculos entre os dois governos, mas sempre em paz, sempre com argumentos, respeitando o outro, pois a autodeterminação dos povos é uma ordem da Constituição da Colômbia. O que acontece na política da Venezuela deve ser, primeiro que tudo, decisão do povo da Venezuela”. Petro também mencionou estar preocupado com a vida dos imigrantes venezuelanos que têm chegado à Colômbia nos últimos anos. “Quero que as pessoas que desejem viver no meu país tenham respeitados todos os seus direitos. Não somente um documento, mas uma vivência real de plenos direitos”, declarou.
O acontecimento marca o fim de uma ruptura que se estendia por 7 anos. A partir de 2015, tensões políticas vinham crescendo entre as duas nações. Os governos colombianos, sempre à direita, acumulam atritos com Maduro. Os venezuelanos acusam a Colômbia de financiar violentas manifestações de oposição ao regime do chavista. Além disso, foi considerada uma intromissão o explícito apoio ao ex-deputado Juan Guaidó, que se auto-declarava presidente.
A eleição de Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, muda essa tendência reacionária no país, abrindo um novo diálogo entre os vizinhos. Além da reabertura das fronteiras, o presidente colômbiano, que iniciou seu mandato em agosto, tratou de devolver a indústria petroquímica “Monómeros” aos venezuelanos já no mês seguinte à sua posse, cumprindo uma de suas promessas de campanha. A estatal fica em território colômbiano e havia sido entregue à oposição ligada a Guaidó durante o governo do ex-presidente Iván Duque, apoiado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para o embaixador venezuelano Félix Plasencia, a devolução é “o final de um processo negativo que feria e causava sofrimento aos venezuelanos e aos colombianos”. Plasencia segue dizendo – “Agora, uma empresa que é do povo da Venezuela volta ao poder do povo”
Por meio de seu perfil oficial no Twitter, o presidente Nicolás Maduro, que não esteve presente na ponte Simón Bolívar, confirmou que a reabertura da fronteira é “total e absoluta”. E afirmou também considerar o dia histórico.