A Câmara Municipal do Rio de Janeiro vota hoje (18) a cassação do mandato do vereador carioca, Gabriel Monteiro (PL), acusado e investigado de forjar vídeos na internet, assédio sexual e estupro de vulnerável. O Conselho de Ética da Câmara do Rio de Janeiro já havia aprovado por unanimidade a cassação na última quinta-feira (11), mas, agora, a punição precisa ser votada pela Câmara. Para ter o mandato cassado, é preciso dois terços de votos de todos os 51 da Casa, ou seja, são necessários 34 votos.
Contudo, por mais absurdo que pareça, Monteiro ainda poderá concorrer às eleições deste ano. Isso porque a lei eleitoral só permite pedidos de impugnação até 5 dias úteis após a publicação do Edital de Pedido de Registro Coletivo, que foi divulgado em 29 de julho. Assim, um acusado de estupro está concorrendo ao cargo de Deputado Federal pelo Rio de Janeiro e é, ainda, considerado por seu partido como um “puxador de votos”. Agora, a pergunta que fica é: quem votaria em alguém que é acusado de crimes tão sérios? A resposta, no entanto, não é muito difícil de ser encontrada, já que temos um presidente da República que foi processado pela jornalista Patrícia Campos Mello por ofensas de cunho sexual.
Os bolsonaristas possuem o costume de dizer que nós, da esquerda, adotamos criminosos como políticos de estimação, mas, além da própria família Bolsonaro – os quatro filhos são investigados por diferentes delitos-, eles colecionam outros réus como “heróis do povo brasileiro”, como Fabrício Queiroz, Roberto Jefferson e Daniel Silveira. Porém, só os crimes pelos quais Gabriel Monteiro é acusado, já são o suficiente para embrulhar o estômago de eleitores com o mínimo de consciência: gravação de relações sexuais com adolescente; assédio sexual de sua ex-assessora e outros funcionários; exposição de pessoas em estado de vulnerabilidade, uma vez que Gabriel pagou para indivíduos em situação de rua fazerem diferentes tarefas, que iam desde mentir em vídeo até cometer crimes; peculato, por utilizar do seu cargo público em benefício próprio; forjar crime de furto, pois deu dinheiro para uma pessoa em situação de rua roubar uma loja; coação de testemunhas; de forjar vídeos na internet; e de estupro de vulnerável, pois Monteiro manteve relações sexuais com jovens de 15 anos.
Inclusive, em relação a forjar vídeos, Gabriel Monteiro já é um velho conhecido para a comunidade de estudantes da Universidade Federal Fluminense. Em 6 de setembro de 2019, o vereador percorreu o Diretório Central dos Estudantes da instituição enquanto criticava e jurava por tudo o que é sagrado que ali era onde futuros médicos e advogados estudavam. Monteiro chega a chamar o local de “Cracolândia da UFF”. A questão é que o DCE é um espaço cedido para alunos da instituição e tem como principal propósito a integração entre estudantes, ou seja, é um ambiente usado para realização de eventos e para que os universitários descansem. Na verdade, Monteiro chegou a passar em frente ao que é, realmente, um local para as aulas: o campus do Valonguinho. Na época, a comunidade uffiana ficou completamente revoltada, mas também achou graça da “burrice” de Monteiro. Hoje, mais do que nunca, sabemos que não era ignorância, mas sim falta de caráter. Foi através de youtubers como ele que as universidades passaram a sofrer ainda mais ataques, graças aos vídeos alterados, como aqueles que Gabriel Monteiro propagava.
Porém, todos os dias, uma máscara cai e vemos quem os bolsonaristas apoiam. O vereador assumiu que fazia pagamentos para pessoas mentirem em seus vídeos e, em recente áudio divulgado, Monteiro afirma que “gosta muito de novinhas”. Apoiadores da extrema direita costumam acusar Lula (PT) e a esquerda de iniciarem crianças em práticas sexuais. Contudo, quando vídeos aparecem em que figuras bolsonaristas praticam atos sexuais com menores de idade, o acusado de estupro de vulnerável continua sendo um forte candidato à vaga de deputado federal e consegue, com sua força nas redes sociais, convocar a população para defendê-lo durante o julgamento que acontece na Câmara nesta quinta-feira (18). Sonia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres, afirma que devemos nos manter vigilantes em relação à cassação de Gabriel Monteiro, porque seria “um absurdo continuar com o mandato” alguém que cometeu crimes contra meninas e mulheres.
Uma resposta
Ótima matéria! Um criminoso desses não deveria estar solto e ainda mais concorrendo a um cargo político!