Fábio Farias: novo ministro de Bolsonaro apoiou Lula, Dilma, o golpe e foi acusado de receber propina

Por Rafael Duarte, da agência Saiba Mais

O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu recriar o ministério das Comunicações e anunciou o deputado federal Fábio Farias (PSD) para o posto. A pasta havia sido extinta no governo Temer e passou a fazer parte do ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, atualmente comandado pelo ex-astronauta Marcos Pontes e que, até o governo passado, era um feudo do PSD, partido de Faria e um dos tentáculos do chamado Centrão.

O presidente nacional da sigla Gilberto Kassab chegou a ocupar o órgão no governo Dilma e seguiu na pasta após a junção entre as pastas.

O novo ministério vai abrigar a secretaria especial de Comunicação, responsável pela verba publicitária do Governo e historicamente ligada à presidência. Dessa forma, o titular da pasta Fábio Wajngarten passará a ser subordinado a Farias, e não mais à secretaria de Governo (Luiz Eduardo Ramos) e Casa Civil (general Braga Netto).

A Secom controla hoje R$ 127,3 milhões em contratos vigentes com agências de propaganda. De acordo com dados divulgados pela pasta, o SBT foi o segundo veículo que mais recebeu verba publicitária do Governo Bolsonaro em 2019. Foram R$ 24,7 milhões, atrás apenas da rede Record, que abocanhou R$ 27,4 milhões do Governo Federal.

Neobolsonarista, Fábio Farias (PSD) estreitou relações com a família do presidente da República (crédito: acervo pessoal)

O novo titular da pasta é casado com Patrícia Abravanel, filha do empresário e dono do SBT Sílvio Santos, entusiasta e aliado de Bolsonaro. Durante o Governo, o deputado estreitou relações com o presidente e ficou muito próximo dos filhos dele, especialmente do deputado federal Eduardo Bolsonaro.

A aliados, Bolsonaro tem dito que o potiguar é uma indicação pessoal, e não política. De acordo com o jornalista Lauro Jardim, o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente e principal conselheiro do pai em relação às estratégias na comunicação, concordou com a indicação do parlamentar do Rio Grande do Norte.

Fábio Faria é o segundo potiguar a virar ministro no governo Bolsonaro. O ex-deputado federal Rogério Marinho (PSDB) é o atual titular da pasta de Desenvolvimento Regional. Ele está no quarto mandato de deputado federal.

Apoio a Lula, a Dilma e ao golpe

Como bom parlamentar do Centrão, Fábio Farias apoiou os presidentes que estiveram no poder. Fez campanha e pediu votos para os ex-presidentes Lula, Dilma e, quando a maré virou, foi um dos principais apoiadores no Rio Grande do Norte do golpe contra a ex-presidenta da República, vítima de impeachment em 2016.

O apoio ao golpe em 2016, inclusive, foi o estopim para que o PT do Rio Grande do Norte desembarcasse do governo Robinson Faria, pai do deputado eleito em 2014 com direito à presença de Lula no programa eleitoral, derrotando no 2º turno o então todo poderoso ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (MDB).

Durante a campanha de 2018, quando o pai amargou a terceira colocação, atrás da governadora eleita Fátima Bezerra (PT) e do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), Farias foi um dos principais entusiastas para que Robinson declarasse apoio a Bolsonaro a fim de atrair os votos dos eleitores bolsonaristas.

Atualmente, tenta se posicionar como um dos principais opositores ao governo Fátima.

Empresário disse em 2017 que pagou propina a Fábio Farias

Em meio ao escândalo protagonizado pelo dono da JBS Joesley Batista durante o governo Temer, o empresário Ricardo Saud, um dos delatores do esquema de pagamento de propina pela empresa, afirmou que, durante um jantar, do qual participaram Fábio Farias, Patrícia Abravanel e Robinson Faria na casa de Joesley, em São Paulo, foi combinado o pagamento de R$ 10 milhões em propina ao deputado.

Em troca, segundo a delação, uma empresa do grupo – J&F – controlaria o sistema de água e esgoto (Caern). Robinson e Fábio negaram, mas tanto Saud como Joesley mantiveram a versão.

O caso, porém, foi arquivado pela ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber por falta de provas.

Da farra das passagens no início do mandato

O novo ministro das Comunicações é atual deputado federal pelo Rio Grande do Norte e está no quarto mandato. No currículo, Farias coleciona polêmicas com dinheiro público, uma delas o tornou conhecido nacionalmente e ficou conhecida como a “farra das passagens”. Em 2007 e 2008, o parlamentar namorava a então apresentadora Adriane Galisteu e pagou, com verba da Câmara Federal, passagens aéreas para ela e a mãe virem a Natal curtirem o Carnatal, festa privada no formato das micaretas da Bahia.

Além da ex-namorada e da sogra, Farias usou dinheiro público para pagar as passagens do ator Kayky Brito, das atrizes Stephanie Brito e Samara Felippo, dos empresários Cláudio Torelli (amigo de Galisteu) e Maiz Oliveira, da estilista Ian Acioli, da joalheira Roseli Duque, da arquiteta Viviane Teles, do cantor Fábio Mondego e do jornalista Nelson Sacho (assessor de Galisteu).

Após a repercussão negativa do caso, ele reconheceu o erro e devolveu o dinheiro.

COMENTÁRIOS

Uma resposta

POSTS RELACIONADOS