Passados 365 dias, as injustiças só se avolumaram. Viu seu habeas corpus ser negado pelo Supremo Tribunal Federal, sua candidatura à Presidência ser indeferida pelo TSE, foi impedido de dar entrevistas para a imprensa – mesmo com inúmeros precedentes em contrário – e até mesmo de ir velar seu irmão Vavá, morto no fim de janeiro. Está sendo vítima de uma vingança mesquinha e sádica, que opera na lógica da “Justiça do Inimigo”. As peripécias de ministros do Supremo, a começar pela então presidente Carmen Lúcia, pra não votar o tema das prisões em segunda instância, assim como o voto casado na dosimetria pelos desembargadores do TRF 4, entrarão nos anais dos casuísmos mais escandalosos do Judiciário brasileiro.
Não bastassem as injustiças, vieram as provações. Lula foi submetido a perdas que derrubariam qualquer um: após Marisa, sua companheira de vida, e o irmão Vavá, veio o pequeno Arthur. Perder um filho ou neto talvez seja uma das dores mais antinaturais e inconsoláveis, uma dor que ele, Marlene e Sandro compartilham com milhares de mães, pais e avôs que perdem seus jovens na carnificina das periferias urbanas, neste caso por “morte matada”. Lula tinha uma relação especial com o Arthur, que morou um tempo na sua casa. Certa vez, algumas semanas antes de ser preso, Lula me disse numa conversa: “Conviva mais com suas filhas, Guilherme. Uma das coisas que mais me entristecem foi não ter podido ver meus filhos crescerem” e completou: “Agora quero ver meus netos crescerem”.
No enterro de Arthur ele estava destroçado, como qualquer avô estaria. As insinuações em contrário e as provocações de alguns mostram até onde o cretinismo pode habitar um ser humano. Mas, apesar dos golpes do destino, Lula resistiu a esse ano de prisão de forma altiva e corajosa. Não buscou acordos que o diminuiriam, nem deixou de expressar suas opiniões sobre o país, pelas vias indiretas que sobraram. Quase ganhou uma eleição de dentro da cadeia. E foi assim – lúcido, bem-humorado e querendo debater o país – que o encontrei em novembro quando fui visita-lo em Curitiba. O mesmo Lula de sempre. Mais indignado, é verdade, e com razão.
Nesse ano que passou, ficou ainda mais claro para o Brasil e o mundo que se trata de uma prisão política. A nomeação de Sergio Moro para ministro da Justiça de Bolsonaro, colhendo os frutos como político de suas definições como juiz, dissiparam dúvidas sinceras que ainda podiam existir. Até mesmo juristas, políticos e colunistas que não podem ser acusados de simpáticos ao PT ou à esquerda passaram a manifestar seu incômodo. Incômodo que só aumenta quando se vê políticos com cr