Nesta segunda-feira (5), o grupo 6Rang, de defesa dos direitos LBGT+, informou que duas ativistas iranianas lésbicas foram condenadas à morte por infringir a lei islâmica da Sharia. O governo acusou-as de propagarem a homossexualidade e aliciarem meninas e mulheres a saírem do país em busca de uma vida melhor. É a primeira vez que mulheres são condenadas à morte por sua orientação sexual no Irã.
Por Thaís Helena Moraes
O grupo 6Rang é baseado na Alemanha e pede à imprensa internacional que se mobilize em favor das ativistas. Zahra Hamedami, de 31 anos, e Elham Chubdar, de 24, foram condenadas por um tribunal em Úrmia, cidade a noroeste do país, e seguem detidas em um presídio local. As acusações contra elas são de contatar veículos de imprensa de oposição ao governo, traficar meninas e mulheres para fora do país e promover a fé cristã (uma vez que a religião oficial do Irã é o islamismo). Por tudo isso, elas são acusadas de “espalhar a corrupção pela terra”, violação mais grave do código penal do Irã.
Outra mulher, Soheila Ashrafi, enfrenta as mesmas acusações, mas ainda não teve a sentença proferida. A ativista Sareh Hamedani também está presa desde 2021, quando tentava fugir para a Turquia, e seu destino causa preocupação. Segundo defensores de direitos humanos, o Irã promove atualmente uma ampla perseguição a diversos grupos sociais. Além dos já citados cristãos e LGBTs, há denúncias de detenção de membros da minoria religiosa bahá’í, a prisão de estrangeiros e o aumento de execuções.
O Irã adota a Sharia, lei islâmica que dita a conduta de seus fiéis. Ela baseia-se no Corão, livro sagrado do Islã, e orienta uma rotina de orações diárias, jejum e doações aos necessitados. É por conta da Sharia que mulheres muçulmanas vestem-se com modéstia (usando hijab ou burca). A lei dita ainda condutas familiares e amorosas – uma delas é a condenação da homossexualidade. Para muitos muçulmanos, adotar ou não a Sharia é uma escolha pessoal; alguns países, no entanto, adotam o regulamento como parte de sua Constituição, como é o caso do Irã.