Reginaldo Nasser: Talibã não terá vida fácil para governar o Afeganistão

Em entrevista para os Jornalistas Livres, o professor Reginaldo Nasser, titular do curso de Relações Internacionais da PUC-SP, falou sobre os recentes acontecimentos no Afeganistão

Em entrevista para os Jornalistas Livres, o professor Reginaldo Nasser, titular do curso de Relações Internacionais da PUC-SP, falou sobre os recentes acontecimentos no Afeganistão, com a vitória do Talibã e a saída das tropas imperialistas dos EUA, que ocupavam o país havia 20 anos.

Estudioso do assunto, Nasser é autor do livro “A Luta Contra o Terrorismo: os Estados Unidos e os Amigos Talibãs” (Editora Contracorrente), que será lançado em setembro, em São Paulo.

Na conversa, o professor analisa a saída dos EUA do país do continente asiático após duas décadas de ocupação militar, fala sobre as divisões políticas internas, as novas relações geopolíticas do Talibã com China, Rússia, Irã e Paquistão, seus novos aliados, e também sobre as elites que lucraram com a guerra.

De acordo com Nasser, o Talibã terá dificuldades para governar o Afeganistão. “Nem todos os 300 mil policiais e militares afegãos armados vão aderir ao novo governo”, afirma.


“O Talibã terá oposição dos líderes locais que têm poder econômico e militar.”

O esforço feito pelos Talibãs em busca de aceitação internacional, ao se apresentarem como uma força que respeitará as mulheres e o seu direito à educação ao trabalho, também não escapou à análise de Nasser, sobretudo quando se sabe que esse esforço é em decorrência da péssima imagem que o grupo tem em todo o mundo, com o grupo político sempre associado à perseguição às mulheres.


“Mas é muito difícil o Talibã mudar em relação a isso, senão ele não será mais o Talibã”

Para ele, do ponto de vista dos interesses estratégicos dos EUA, não se deve considerar a saída das tropas americanas como uma derrota militar, porque não havia uma guerra clássica. O que deve ser compreendido é que, do ponto de vista dos interesses imperialistas, os EUA cumpriram muito bem o papel de “Senhor da Guerra”, garantindo principalmente para as empresas estadunidenses lucros astronômicos com as guerras de destruição de outros países.

Veja a entrevista completa:

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