Os bolsonaristas acampados em frente ao Comando da 4ª Região Militar do Exército, em Belo Horizonte, foram surpreendidos na manhã de hoje por homens da Guarda Municipal. Em poucos minutos pouco restou do acampamento montado no dia 30 de outubro para contestar a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, um repórter-fotográfico do jornal Hoje em Dia foi agredido no local, e hoje ocorreram novas agressões.
Foram retirados do acampamento chapas para churrasco e fogões improvisados que forneciam alimentação para os golpistas, caminhão de som, banheiros químicos, lonas, mesas, cadeiras e até um sofá. A Guarda Municipal informou que foram identificadas pessoas armadas dentre os bolsonaristas e que alguns deles eram remunerados para permanecerem no local, que era abastecido com energia furtada de um dos postes vizinhos.
“A gente aproveitou a oportunidade para fazer a operação hoje porque tinha menor número de pessoas no local. Os que permaneceram nesta noite eram todos profissionais. A gente percebia que nesse ambiente não eram só os patriotas, eram pessoas que recebiam, inclusive, para estar lá”, disse o secretário municipal de Segurança e Prevenção, Genilson Zeferino.
No momento em que funcionários da prefeitura terminavam de retirar a bagulhada dos golpistas, em meio a choro e lamentações dos golpistas, surgiu no local um policial do Exército identificado como Chagas, informando que os bolsonaristas poderiam permanecer no local, na calçada, que é pública, mas agora sem os equipamentos que vinham mantendo.
Patriotários
O engraçado é que o local, na Avenida Raja Gabaglia, 450, bairro Gutirerrez, Zona Oeste de Belo Horizonte, é identificado pelo Google e pelo Uber como acampamento dos “Patriotários”. Se alguém acessa o Google Maps e busca o local com as palavras ‘patriotários Gutierrez’ logo vem a indicação de onde estava instalado o acampamento.
Hoje, em entrevista coletiva, o prefeito Fuad Noman (PSD) garantiu que a Avenida Raja Gabaglia será totalmente desobstruída e que não será permitido que nenhuma estrutura sem autorização, como banheiros, restaurantes, ou serviços de qualquer natureza. O acampamento foi instalado nas proximidades de escolas e de um hospital e, às vezes, provocava problemas de retenção do tráfego de veículos, perturbando a vizinhança.
Repórteres agredidos
Ontem, um repórter-fotográfico do jornal Hoje em Dia agredido e ferido na cabeça, tendo que ser atendido no Hospital de Pronto-Socorro, onde passou a noite em observação. Quando tentava fotografar o acampamento ele foi agredido, teve sua máquina fotográfica roubada e algumas lentes destruídas. Hoje, uma equipe do jornal O Tempo foi agredida por bolsonaristas na Avenida Raja Gabaglia. O repórter e o fotógrafo foram agredidos e tiveram seus equipamentos danificados. Profissionais da rádio 98 FM e da TV Band também foram atacados.
Vídeos feitos no local mostram um homem empurrando o cinegrafista e, depois, pelo menos três patriotários agridem o repórter. Uma mulher, com a bandeira do Brasil no pescoço, derrubou um equipamento de gravação durante a confusão, enquanto um homem dava um soco na nuca do repórter pelas costas. As agressões só pararam após a intervenção de um guarda municipal.
Na última segunda-feira, os bolsonaristas desmontaram o acampamento que mantinham em frente à Companhia de Comando da 4ª Brigada Infantaria Leve, na Rua Mariano Procópio, em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas. As barracas foram desmontadas, banheiro químico retirado e materiais descartados. O mesmo aconteceu em Vila Velha, na Região Metropolitana de Vitória (ES), também na segunda-feira, diante do 38º Batalhão de Infantaria do Exército, em ação da prefeitura.