Sônia Bone de Souza Silva Santos, mulher indígena Guajajara, nascida na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, em 1974. Aos 48 anos brilha como água limpa de mina na lista das 100 pessoas mais influentes de 2022, reconhecimento dado pela Revista Time.
Sônia, após ser candidata à vice-presidência na chapa de Guilherme Boulos na eleição de 2018, e estar na liderança do movimento indígena brasileiro, recebeu várias ameaças, inclusive foi acusada por Augusto Heleno Ribeiro Pereira, de crime de lesa-pátria. Em tal disparate afirmava o general:
“A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) está por trás do site defundbolsonaro.org, cujos objetivos são publicar fake news contra o Brasil; imputar crimes ambientais ao Presidente da República; e apoiar campanhas internacionais de boicote a produtos brasileiros.
A administração da organização é de brasileiros, filiados a partidos de esquerda. A Emergency APIB é presidida pela indígena Sônia Guajajara, militante do PSOL e ligada ao ator Leonardo Di Caprio, crítico ferrenho do nosso país. O site da Apib se associa a diversos outros, que tb trabalham 24 horas por dia para manchar a nossa imagem no exterior, em um crime de lesa-pátria”.
O general e ministro foi citado e interpelado pelos advogados da APIB, e em final de abril de 2021 , a Polícia Federal intimou Sonia Guajajara a pedido da Funai (Fundação Nacional do Índio), que acusava a líder indígena de difamar o governo federal na websérie “Maracá”, produção audiovisual que abordou o impacto da pandemia nas populações indígenas.
O juiz Frederico Botelho de Barros Viana, 10ª Vara Federal de Brasília, considerou que o inquérito seria uma “distorção teratológica” e uma tentativa de depreciar a atuação da Apib.
“A atividade política e social em defesa da população indígena não pode ser, de forma alguma, perseguida por quaisquer dos aparatos estatais, sejam eles punitivos ou não, pelo simples fato de que traz, em suas considerações, imputações severas contra agentes políticos e a atual gestão do Poder Executivo”, escreveu o juiz.
Sônia é dessas mulheres de fina valentia, elegante como uma garça na beira de rio, uma rocha no meio dos desmandos aos direitos indígenas no governo atual. Se hoje é necessário à mulher andar com seguranças para garantir sua integridade, o reconhecimento da Time à sua influência no pensamento atual, enche o Brasil de uma esperança que não cede àqueles que querem aniquilar indigenistas e os povos indígenas do país.
Viva.
*imagens por Helio Carlos de Mello
https://time.com/collection/100-most-influential-people-2022/