por Ricardo Melo
Conforme prometido, Jair Bolsonaro arrepiou carreira nesta sexta-feira antes da posse. Nem o ditador Figueiredo se atreveu a isso. O general não passou a faixa, mas também não foi buscar refúgio no exterior. Com mais dinheiro público, Bolsonaro decolou num avião da FAB, que em seu mandato passou a se chamar Força Aérea Bolsonarista. Transportou amigos, cúmplices, familiares, ministros e até traficantes de drogas –tudo pago com o dinheiro do povo, como um uber gratuito para terceiros. Agora a força aérea faz sua despedida de gala.
A live de “despedida” do capitão expulso do exército por tentativas terroristas não é apenas melancólica. É trágica. De todo modo, encerra um dos períodos mais dramáticos da história nacional. Tudo o que havia de bom ou razoável nos campos social, político, institucional, foi reduzido a escombros nestes quatro anos. Ele mesmo revela, com outras palavras, que ficou ruminando uma saída golpista nos dois últimos meses em que simplesmente também não trabalhou.
Estimulou acampamento de fanáticos em frente a instalações militares. Jamais condenou em tempo devido os atentados terroristas Brasil afora que culminaram com a mini-intentona recente em Brasília. Um crápula, para usar palavras até clementes que o dicionário nos permite.
Ah, Bolsonaro foi eleito. Todos sabemos como. Encarcerou Lula e valeu-se de todo o tipo de manobras e ilegalidades com o apoio da “elite” para assaltar o Planalto. Um dado apenas, para não ficar repetindo números sobejamente conhecidos sobre pandemia etc. Em 2022, no primeiro turno Lula teve 25,9 milhões de votos a mais que Fernando Haddad em 2018. O suficiente para ganhar, àquela época, praticamente no primeiro turno. Já no segundo turno foram 12,2 milhões de votos a mais que Haddad em 2018.
O “legado” de Bolsonaro – se é que se pode dizer assim – foi estimular uma extrema-direita feroz, assassina, daninha e obscurantista com base na distribuição indiscriminada de armas e cancelamento de valores civilizatórios em todos os setores. Cometeu crimes aos montes. Sua extradição para responder pela coleção de delitos é tarefa essencial para qualquer governo que se considere sério.
Vingança? Nada disso. O nome é reparação de crimes. Lição de democracia. Para que não se torne ainda mais normal um aprendiz enfurecido de ditador se achar no direito de transformar o país num velório humanitário. Chega de Leis de Anistia que envergonham o país até hoje aqui dentro e no cenário internacional.
O governo Lula não terá tarefa fácil. É uma combinação política difícil de administrar. Mas o lixo principal foi removido. Trata-se de apagar este entulho com penas severas se o Brasil quiser deixar de ser colônia do capital financeiro voraz, ditadores de fancaria e ao menos reduzir a desigualdade social que só fez aumentar sob Bolsonaro.
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Uma resposta
jair JÁERA!