“Transbordamento, que vem do inglês “spillover”, é quando algum vírus que coexiste em em espécies animais sofre uma mutação e passa a infectar humanos.”
Eu estava em Bangkok na Tailândia no começo de 2020, e portanto perto da China, quando ouvi falar do coronavírus pela primeira vez. Apesar do uso natural de máscaras por lá, ainda não havia nenhuma medida restritiva para o vírus ou qualquer ideia ou dimensão de que essa situação iria se transformar em uma pandemia mundial.
O coronavírus é um vírus que tem uma ligação forte com algumas espécies de animais considerados selvagens, o que significa que eles não foram domesticados pelos seres humanos e vivem na natureza onde deveriam ser deixados em paz. Mas a superpopulação do planeta e alguns aspectos culturais aproximam o genoma humano dessa espécie de vírus que, no caso do Sar-Cov-2, vivia no morcego e acredita-se que teve como hóspede intermediário o pangolim.
O pangolim é hoje um animal em extinção. Embora protegido pelas leis internacionais, o pangolim é um dos mamíferos mais traficados da Ásia. Sua carne é considerada uma iguaria em países como a China e o Vietnã e suas escamas são usadas na medicina tradicional.
Os morcegos são notadamente um reservatório de várias espécies de vírus, muitos deles potencialmente perigosos para o ser humano. O contato ao que parece pode se dar a partir da saliva ou das fezes. Ou de alguma degustação de uma incauta sopa de morcego, por exemplo.
Os visons são pequenos mamíferos de pelagem densa e sua pele é usada para se fazer casacos. Recentemente, cerca de 100 mil visons foram abatidos na Dinamarca devido a uma mutação do Sar-Cov-2. A estimativa é que mundialmente vá se abater mais de 15 milhões de animais.
O camelo foi considerado o hospedeiro e intermediário do vírus MERS-CoV responsável pela síndrome respiratória do Oriente Médio, ou MERS. A maioria das infecções por MERS se concentrou na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e no Catar.
O chimpanzé e seus irmãos símios gorilas foram provavelmente o foco de infecção humana no caso do vírus Ebola que tem uma letalidade de 90% e se disseminou principalmente na Libéria, Serra Leoa e na Guiné. Pelas características da infecção pelo Ebola, a possibilidade de ocorrer uma disseminação global do vírus é muito baixa.
No anseio de expandir a atividade humana no planeta temos invadido território alheio e isso tem trazido consequências nefastas. Podemos tirar alguma lição dessa pandemia? Na minha opinião, respeito ao planeta, a sua geografia, flora e fauna é a conclusão mais importante.
Se continuarmos esse cabo de guerra com a Terra, a tendência é a corda estourar do lado mais fraco, qual seja, o nosso.
Transbordamento.
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Transbordamento:
Concepção, artes e animação: Insumo Collage
Trilha e sound design: Mastersan
https://www.instagram.com/mastersan/
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Minibio
Insumo Collage é o a.k.a. do artista visual e diretor de arte José Sampaio. A colagem tem sido o meio de expressão recorrente para a maioria dos meus trabalhos, tanto no campo das artes gráficas como na área do audiovisual e motion graphics. Ainda, sou pai da Pietra e da Nina que todos os dias dessa pandemia me deixam maluco mas que também todos os dias renovam minha fé na espécie humana.
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Para conhecer mais o trabalho do artista
https://www.instagram.com/insumo_collage/
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O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, essenciais, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.
Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente