Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #99 – Paulo Ermantino: Teremos que Esperar por Mais Mil Anos?

Paulo Ermantino apresenta o 99º ensaio do Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro - Imagens que narram nossa história
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Teremos que esperar por mais mil anos?

No livro “Inferno, o mundo em guerra 1939 – 1945”, o historiador e jornalista Max Hastings descreve um ponto crucial do plano nazista para a invasão da União Soviética (Rússia, Ucrânia, Países Bálticos, Geórgia, etc). 

“1 – A guerra só pode ser mantida se toda a Wehrmacht (exército alemão) for alimentada pela Rússia no terceiro ano.

2 – Se tirarmos o que for preciso do país, não pode haver dúvida de que milhões de pessoas morrerão de inanição.” 

Quando os nazistas disseram “milhões de pessoas morrerão”, não tratou-se de uma simples generalização, pois já na concepção deste plano era previsto a morte de mais de 30 milhões de pessoas por fome. 

Esse desprezo pela vida, para dizer o mínimo, que os nazistas professavam com orgulho, depois voltou-se contra os próprios alemães, como quando Hitler enfurecido com a derrota iminente colocou até mesmo crianças para realizar ataques suicidas contra tanques de guerra soviéticos, novamente, um exemplo mínimo, pois as atrocidades nazistas foram terríveis e amplas. 

Sabemos que os crimes do nazi-fascismo foram amplamente documentados, afinal, os próprios nazistas os registravam, pois não era uma ideia concebível para eles serem derrotados, e consequentemente, levados à justiça. 

Agora, esta mesma sensação de impunidade, o mesmo desprezo pela vida, pelo próximo, guia BozoNazi e sua “familícia”, sendo que há uma importante diferença no fato de que foram as ações desastradas de Mussolini, as ações decorrentes do ódio de Hitler e, não podemos esquecer, o expansionismo do império japonês, que geraram o desastre que levou a morte de milhões de almas. 

Já em relação a pandemia do Covid-19, a marca registrada deste desgoverno tem sido o boicote das ações de prevenção ao Coronavírus e uma inanição governamental em ações de combate à pandemia, o que cá entre nós, tem lá sua vantagem, porque este criminoso e sua familícia tem tudo para tornar a situação mais terrível do que já a estão tornando (não é preciso dizer que trata-se de uma ironia, mas aqui está o lembrete). 

E como bom criminoso que é, já planeja seus próximos golpes, no caso, incentivado pela tentativa de Trump de impedir a nomeação de Biden e o consequente ataque de extremistas brancos de direita ao Capitólio (equivalente ao Congresso brasileiro), BozoNazi já faz ameaças às próximas eleições gerais no Brasil e a democracia.  

É bom lembrar e refletir que foi com o incêndio ao Reichstag (parlamento alemão) em 1933, que Hitler se tornou ditador de fato, e ele não começou seu governo construindo campos de extermínio, ele foi ganhando confiança, foi um processo em progressão que culminou no desastre que quase todos conhecemos, ou deveríamos conhecer, já que hoje temos de negacionistas a terraplanistas para tentar reescrever a história de acordo com seus próprios interesses. 

Portanto, não é aceitável permitir que Bolsonaro continue seus ataques à democracia, à Amazônia, ao Pantanal, aos trabalhadores, à saúde, etc, etc, etc. 

Na opinião deste que vos escreve, este é o governo dos Capitães do Mato, daqueles que fizeram um acordo com Ganga Zumba e depois o traíram e o executaram junto a todos que o seguiram.

Infelizmente é importante lembrar que após a traição daqueles que tiveram a ilusão de aceitar as condições dos Capitães do Mato, foi a vez do cerco, captura e execução de Zumbi dos Palmares e daqueles que ousavam resistir a escravidão. 

Este governo também é representante daqueles que durante anos tentaram derrubar o arraial de Canudos, e que quando conseguiram, agiram da mesma forma, cercaram Canudos, sua população e a executaram.

É o governo dos massacres da Candelária, do Carandiru, dos Eldorados dos Carajás, da apologia ao estupro, da tortura.

Neste contexto, quando setores ou pessoas do “campo progressista” já começam a lançar campanhas e hashtags “fulano2022” ou “sicrano presidente”, queiram ou não, contribuem para que Bolsonaro continue a destruição do país e com a morte de milhares de brasileiros, afinal, as mais de 200.000 mortes não são o suficiente para ter um mínimo de senso de urgência? 

É inadmissível permitir que BozoNazi continue por mais dois anos com um governo que em vez de preservar vidas, faz somente pouco caso das mortes e do sofrimento provocado, como fez com os seus famigerados: “E daí?”, “eu não sou coveiro”, “vamos todos morrer um dia” e por aí vai, sempre piorando. Não é a toa que ele e os membros de seu governo sempre estão enaltecendo nazistas e torturadores. 

Ou, como disse Caetano Veloso na música “Podres Poderes”: teremos que esperar por mais mil anos, “que cada paisano e cada capataz, com sua burrice fará jorrar sangue demais”? Ou, como dito no livro no começo deste texto, será preciso esperar BozoNazi nos tirar tudo, nos condenar à fome e chegar a 30 milhões de mortes?

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Minibio

Nascido na periferia de São Paulo, Paulo Ermantino é fotógrafo documental e artista gráfico autodidata, aborda com seu trabalho fotográfico questões humanitárias e justiça social. É criador e editor do projeto Everyday Social Justice, parte do Everyday Projects.

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Para conhecer mais o trabalho do artista

https://www.instagram.com/paulo.ermantino/

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O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

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