Supervisor do IBGE foi agredido por bolsonaristas em bloqueio 

O supervisor, que foi agredido por bolsonaristas enquanto tentava atravessar o bloqueio, teve seu nariz fraturado
Depois das agressões, a vítima teve o nariz fraturado. Imagem/Arquivo pessoal
Depois das agressões, a vítima teve o nariz fraturado. Imagem/Arquivo pessoal

Na quarta-feira (02/11), Tiago Marcolino Pereira, supervisor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi agredido por manifestantes bolsonaristas enquanto tentava atravessar um bloqueio na estrada. O funcionário foi acusado de “trabalhar para o Lula”.

Por Beatriz Pecinato

Segundo Tiago, que trabalha para o IBGE como funcionário temporário, o caso aconteceu às 11 da manhã, próximo a cidade de Amparo, São Paulo. O supervirsor aguardava em uma fila de carros para poder passar pelo bloqueio. Como contou aos Jornalistas Livres, os três carros que estavam na sua frente conseguiram passar. Na sua vez, entretanto, os manifestantes bloquearam sua passagem, alegando que o IBGE trabalha para o Lula. 

Tiago tentou explicar que o trabalho realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística não possui viés político/partidário. Entretanto, os bolsonaristas começaram a gritar “faz o L” e se aproximaram do carro. Os manifestantes partiram para a agressão, abrindo a porta do carro e invadindo o interior do veículo. O supervisor e sua companheira, que estava o acompanhando no banco do carona, receberam socos e tapas dos manifestantes. 

Depois do ataque, o homem e sua companheira conseguiram ultrapassar o bloqueio sem atingir nenhum protestante. Segundo a vítima, seu carro foi perseguido por quatro carros e duas motos durante três quilômetros. Quando percebeu que a Guarda Municipal estava perto de seu veículo, Tiago parou o carro para conseguir assistência da instituição. Nesse momento, os manifestantes também pararam seus carros e foram em direção ao supervisor. Seu vidro foi quebrado e seu nariz fraturado. 

O carro danificado pelos bolsonaristas. Imagem/Arquivo pessoal

Tiago foi levado ao hospital e depois à delegacia, para prestar um Boletim de Ocorrência contra os manifestantes que o agrediram. Entretanto, ao chegar na delegacia, os participantes do protesto já estavam lá, e haviam acusado o supervisor de atentado contra suas vidas. O homem ainda relata que seu coordenador foi para o local, mas em nenhum momento foi oferecido suporte jurídico por parte do IBGE. 

O que era para ter sido um alívio tornou-se um pesadelo

Tiago foi detido, e teve que aguardar o parecer do Ministério Público e da juíza responsável pelo caso para ser liberado. Ambos concordaram que não haviam provas suficientes para manter o homem detido, e ele acabou sendo solto.

Esse não foi o primeiro atentado sofrido por Tiago como supervisor do IBGE. Em setembro, durante uma coleta de censo em Morungaba, município de São Paulo, um indivíduo dentro de uma fazenda atirou duas vezes contra seu carro. Tiago saiu do local às pressas e informou seu chefe. Depois desse caso, a polícia começou a acompanhá-los durante a coleta do censo nas zonas rurais. 

Seu advogado, Sérgio Augusto de Souza, contou aos Jornalistas Livres que Tiago foi indiciado pelos manifestantes por tentativa de homicídio. Mesmo que o supervisor tenha sido a vítima, é ele que está recebendo um inquérito, e pode se tornar réu nesse caso.   

Observando o acontecimento, o advogado relata que Tiago sofreu lesão corporal, uma possível tentativa de homicídio – considerando a quantidade de pessoas presentes e o contexto em que o atentado aconteceu –, e danos ao patrimônio público. 

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