Depois de a Polícia Federal realizar operações na região de Novo Progresso, no Pará, contra o garimpo ilegal e o desmatamento, o Instituto Kabu, organização indígena que reúne famílias do sul do Pará, recebeu uma carta, escrita à mão, ameaçando lideranças de morte.
Por Beatriz Pecinato
“O Estado de S.Paulo” teve acesso à carta, deixada na segunda-feira, 12/09, no Instituto Kabu, que reúne aldeias das Terras Indígenas Baú e Menkragnoti, localizadas no sul do Pará, onde vivem 193 famílias. A organização atua na proteção do povo Kayapó Menkragnoti, ameaçado pelas práticas de grilagem ilegal, garimpo e desmatamento.
O autor da carta anônima culpa os indígenas pelas ações policiais realizadas na região, que resultaram na destruição dos maquinários utilizados nas atividades ilegais. As ameaças são destinadas aos indígenas ligados ao instituto Kabu, que, segundo o texto, tem dez dias para saírem da região. Se a exigência não for atendida, as lideranças “sofrerão as consequências com a própria vida”. Paulão, um indígena que atualmente trabalha como consultor no instituto, também recebeu ameaças: “Os dias dele estão contados”.
O porta-voz do Instituto Kabu, o indígena Doto Takak-Ire, declarou que a organização indígena não tem qualquer relação com as ações policiais.
Em junho deste ano, a região de Novo Progresso foi alvo de uma ação da Polícia Federal, Ibama e Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal, intitulada Operação Guardiões do Bioma. Alguns dos equipamentos usados nas ações ilegais foram queimados, o que é permitido pela lei.
Ainda que seja uma atividade permitida, a destruição das máquinas sempre é criticada por Jair Bolsonaro. A queima dos equipamentos evita que eles voltem a ser utilizados. Entretanto, a maior reclamação surge por parte dos empresários, que tem suas atividades atrasadas pela falta de maquinário.