O cartão do Auxílio Brasil, programa de distribuição de renda criado por Bolsonaro para aumentar a sua popularidade eleitoral, agora tem desenho igual ao da campanha oficial do presidente. Antes, o cartão era verde, mas passou a ser estampado com a bandeira do Brasil, como na propaganda de Bolsonaro. É uma forma de associar o auxílio Brasil à imagem de Bolsonaro. Para vc ter uma idéia do absurdo, seria como se Lula tivesse ordenado que o cartão do Bolsa Família, em vez de verde, fosse vermelho, para associar o benefício ao candidato do PT. Isso estaria errado com Lula e está errado com Bolsonaro, porque não é o presidente que está dando o benefício, mas sim o tesouro nacional. Aliás, o Auxílio Brasil de R$ 600 foi aprovado no Congresso Nacional com o apoio das bancadas do PT, do PSOL e do PCdoB, que resolveram apoiar a medida como forma de reduzir os efeitos da crise econômica sobre as populações mais pobres. O Auxílio Brasil, portanto, não é de Bolsonaro!
Por Thaís Helena Moraes
A legislação brasileira não permite a criação ou alteração de programas sociais em ano de eleições; no entanto, em vista da pandemia e alta dos combustíveis, o Congresso Nacional aprovou a criação do Auxílio Brasil. O valor fixado inicialmente foi de R$400, mas a oposição propôs o aumento para R$600, que será mantido até o final do ano. A medida acompanha também a aprovação do auxílio caminhoneiro e a expansão do auxílio gás, para aumentar o poder de compra da população.
Até o dia 19 de agosto, 6,1 milhões de cartões foram postados nos correios, e outros 500 mil já estão sendo produzidos. O número é maior do que a emissão de cartões do Bolsa Família, do qual o Auxílio Brasil é substituto. Inicialmente, o saque do auxílio era realizado por App. Uma versão inicial do cartão, com a cor verde, chegou a ser produzido; no entanto, o modelo aprovado para distribuição traz a estampa de bandeira do Brasil. A intenção de Bolsonaro, ao estampar a bandeira, é vincular sua imagem ao programa. Assim, o presidente busca conseguir eleitores entre as parcelas mais pobres da população – que, assim como as mulheres e jovens, preferem Lula.
Segundo nova pesquisa da Quaest, Lula tem mais intenções de voto que Bolsonaro nas eleições de outubro: o primeiro tem 44%, e o segundo, 32%. Para a população pobre, inclusive entre beneficiários do programa Auxílio Brasil, Lula é ainda mais popular. Ele possui 56% das intenções de voto, contra 28% do atual presidente.