A pedido do Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Maria Cláudia Bucchianeri ordenou a retirada de um vídeo publicado nas redes sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no qual apareciam falas do presidente sobre a Covid-19. A decisão foi tomada por conta de suposta propaganda eleitoral irregular contra Bolsonaro. De acordo com a ministra, o vídeo “tem clara conotação eleitoral e faz alusão ao processo eleitoral que se avizinha”. O prazo para a retirada do vídeo é de 24 horas.
A publicação feita pela CUT mostra imagens de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e cemitérios lotados de vítimas diretas da Covid, além de vídeos de famílias destruídas e sofrendo por seus entes queridos. Frases ditas por Bolsonaro em encontros com apoiadores e em suas lives semanais que menosprezavam a pandemia e os mortos do Brasil estão presentes no áudio da postagem. Uma das declarações usadas no vídeo foi feita em maio de 2021 durante uma live do presidente no Facebook, na qual ele imitava de forma ofensiva uma pessoa com falta de ar por conta da doença.
O PL, em seu manifesto de criação publicado em 2006, diz que “A igualdade sem liberdade não conduz à democracia, mas ao despotismo que é a submissão da maioria à opressão de quem detenha o poder”. A frase destoa do pedido de liminar apresentado pelo partido e sua coligação, que tentou censurar um vídeo com falas reais de Bolsonaro com alegações de campanha eleitoral antecipada negativa. Ligar o candidato às 682 mil mortes por Covid no Brasil não é propaganda irregular, mas sim um fato. A adoração a cloroquina, a ausência de medidas de proteção efetivas, o não incentivo ao lockdown e ao uso de máscaras se somam às milhares de falas negacionistas e desumanas ditas por Bolsonaro ao longo do período pandêmico. A responsabilidade do presidente se escancara por meio dessa somatória, o que torna a tentativa de censura ao vídeo da CUT absurda.