Na cova dos bandidos: candidatura de Fabrício Queiroz é um reflexo da corrupção do governo Bolsonaro

Investigado por lavagem de dinheiro e desvio de verba pública, Queiroz lança candidatura a deputado estadual com o slogan “lealdade de verdade” a Jair Bolsonaro
Fabrício Queiroz e Bolsonaro - Foto: Divulgação

Na terça-feira (16), Fabrício Queiroz (PTB) anunciou o início da sua campanha para deputado estadual pelo Rio de Janeiro. O candidato utilizou como slogan a frase “lealdade de verdade”, não se remetendo ao povo brasileiro, mas sim ao seu relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as investigações das “rachadinhas”. Queiroz lança candidatura mesmo ainda sendo investigado pelo caso de lavagem de dinheiro e desvio de verba pública, mas com a segurança de que o processo já está sendo afogado pelo Supremo Tribunal Federal. 

Em novembro de 2020, Flávio Bolsonaro (PL) e Queiroz foram denunciados pelo Ministério Público por uma prática conhecida como “rachadinha”. A acusação afirma que, durante o período de 2007 a 2018, quando o filho zero-um ocupava o cargo de deputado estadual, Queiroz empregava funcionários fantasmas e exigia parte ou a totalidade do salário de volta. Vale ressaltar que, na época, ele era assessor de Flávio e foi considerado o operador do esquema. Cerca de R$ 2,3 milhões foram embolsados pelos dois, chegaram a receber 160 mil reais de apenas uma das funcionárias. O dinheiro era lavado através da aplicação na loja de chocolates em que Flávio é sócio. Apesar disso, a família Bolsonaro e Queiroz ainda tem coragem de utilizar as redes sociais para chamar Lula (PT) de ladrão e afirmar que o atual governo não possui casos de corrupção. 

 Durante a investigação, Queiroz chegou a confirmar por escrito que as “rachadinhas” realmente aconteciam: “os desvios de salários dos assessores da ALERJ ocorriam, de forma reiterada e estruturada, desde seu ingresso no Gabinete”, apresenta a denúncia. O candidato a deputado estadual tentou proteger o clã Bolsonaro dizendo que tudo acontecia sem o conhecimento de Flávio e nem de Jair Bolsonaro (PL). Contudo, como disse o filho zero-dois, Carlos (Republicanos) sobre Lula no caso da Lava-Jato, “todo mundo próximo é envolvido em corrupção, menos ele. Incrível como esse homem consegue ser puro em meio a tanto familiar ruim”. Outras figuras próximas à família Bolsonaro também participaram do esquema, como a mulher e a sogra de Adriano Magalhães da Nóbrega – miliciano próximo do atual presidente – e a ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. O MP também não comprou a história e a classificou como fantasiosa, pois o então deputado, Flávio, não teria como não saber de um esquema que ocorria a mais de dez anos. 

Em 18 de junho de 2020, Fabrício Queiroz foi preso preventivamente. Acusado de obstrução de Justiça, ou seja, de impedir ou dificultar investigação penal que apura organização criminosa, ele estava desaparecido desde junho de 2019. Foi encontrado em um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, que dizia não saber de seu paradeiro. No entanto, a sensação de justiça sendo feita foi efêmera. Queiroz passou a cumprir prisão domiciliar 22 dias depois de ir para o presídio Bangu. Otavio Noronha, ministro do Supremo Tribunal de Justiça, passou a enterrar a investigação: anulou a quebra de sigilo bancário e telefônico de investigados, invalidou as provas conquistadas por meio de históricos das mensagens enviadas entre envolvidos e revogou até mesmo a prisão domiciliar de Queiroz. 

No entanto, a proteção de Fabrício Queiroz rendeu bons frutos: é classificado como um dos mais leais defensores do presidente. Surfando nessa onda, lança sua candidatura se apoiando no bolsonarismo. Até mesmo o seu número, 14.422 remete a Jair Bolsonaro, cuja legenda é 22. Agora, desfila em campanhas eleitorais quando deveria estar preso em Bangu. No entanto, essa realidade de impunidade já é comum no governo atual. Todos os quatro filhos do presidente são investigados por diferentes crimes, mas todos os processos apresentam uma característica em comum: a enrolação. No desgoverno de Bolsonaro, quem rouba do povo se candidata a deputado estadual.

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