A Justiça determinou, hoje (11), que Carlos e Eduardo Bolsonaro paguem uma indenização ao ex-deputado federal Jean Wyllys por vídeo publicado nas redes sociais em que ligavam o ex-deputado a Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro. De acordo com a sentença dada pelo juiz auxiliar Juarez Fernandes Cardoso, os irmãos terão que pagar R$ 20 mil cada um, a título de danos morais causados por difamação.
Por Camilla Almeida
O vídeo foi publicado em abril de 2021 pelos filhos de Bolsonaro. A publicação foi impulsionada por redes bolsonaristas que mobilizaram uma corrente de ódio a Wyllys. De acordo com João Tancredo, advogado de Jean Wyllys no processo, “esta é a prática recorrente desse grupo e que, no fim das contas, mobiliza o ódio que obrigou Jean a se exilar. O judiciário precisa responder à altura dos riscos que corre a democracia brasileira”.
O advogado ainda frisa que a publicação da gravação foi uma manobra política. Postado dois dias depois da demissão do então Ministro da Defesa Sergio Moro, o vídeo foi utilizado para desviar a atenção das acusações de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. A decisão judicial também determina a publicação da sentença nos canais que tinham sido usados para realizar a difamação em dez dias úteis, além de obrigar a exclusão imediata do post – que já havia sido deletado em tutela de urgência.
Na decisão, o juiz coloca que “as declarações dos Réus [publicação dos vídeos] veiculadas em suas redes sociais, que certamente são capazes de atingir um número incalculável de pessoas, exorbitaram o limite de mera opinião pessoal, sendo capazes de ferir a honra, e, até mesmo, colocar em risco a segurança do Autor”. Foi decretada uma multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento da ordem judicial, porém, até o momento, a sentença não foi postada por Carlos e Eduardo Bolsonaro.
A facada
Bolsonaro foi atingido por uma facada no ano de 2018, enquanto participava de uma passeata eleitoral na cidade de Juiz de Fora (MG). O autor do ataque, Adélio Bispo, foi preso em flagrante e confessou sua autoria. O inquérito foi reaberto pela polícia federal em novembro de 2021 e um nova delegado assumirá o caso para apurar se a ação foi feita com ajuda de outras pessoas ou se existe um mandante. Investigações e inquéritos já concluídos apontam que não houve ajuda externa e que Adélio agiu sozinho. O culpado foi absolvido por inimputabilidade – incapaz de ser responsabilizado pelos atos que praticou – e hoje cumpre a sentença na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), desde 2018.
