O jornalista Alexandre Aprá de Almeida protocolou na semana passada na Superintendência da Polícia Federal na capital de Mato Grosso uma notícia crime com vasta documentação sobre ameaças que estaria sofrendo devido a uma série de reportagens sobre contratos de publicidade sem licitação no valor de R$ 54 milhões com empresa que tem como sócio o filho do governador Mauro Mendes. Depois de fazer a denúncia, o profissional deixou o estado.
Em áudio de WhatsApp enviado ao jornalista, uma pessoa que se identifica como Ivan Cury Barbosa, supostamente um detetive de Campo Grande, avisa que Aprá deve parar de “esculachar” diretores de emissoras associadas à Rede Globo em Mato Grosso (Grupo Centro América) e Mato Grosso do Sul (TV Morena). Se não o fizer, o suposto detetive informa que sabe de crimes que o jornalista teria cometido.
“Eu acho que era melhor você deixar meio quieto isso aí porque se você for fazer graça… Cê tá querendo acusar os outros, cê tá querendo jogar merda do ventilador, certo? Eu sou detetive eu posso fazer isso. (…) Agora, você também não vai continuar com esse seu jornalzinho marrom seu aí, esculachando todo mundo em Cuiabá. (…) Eu acho que você é um cara inteligente. Você não vai fazer isso mais não. Você vai parar com isso, certo?. Então vê bem o que você está fazendo pra depois não ter reclamação. (…) Se você quiser tocar pra frente, nós vamos pra frente, não tem problema não”.
O áudio foi enviado depois que tal detetive percebeu que Aprá achou um dos aparelhos de rastreamento que ele havia colocado em seu carro. Segundo a denúncia do jornalista à PF, após ouvir falar que um detetive estaria procurando algum ex-amigo seu que pudesse ajudar a forjar flagrantes falsos, Aprá pediu a uma pessoa identificada apenas como “anjo” para se apresentar a Barbosa e conseguir mais informações. O amigo conseguiu áudios e vídeos do detetive explicando como montaria os falsos flagrantes e que poderia ir além. Todo o material foi entregue à polícia, assim como os aparelhos plantados pelo suposto detetive.
De acordo com Aprá, apesar de Barbosa ter mencionado no áudio matérias sobre executivos de outros meios de comunicação, as ameaças teriam ocorrido de fato devido às reportagens sobre negócios com o poder público de familiares do governador do estado, Mauro Mendes, e teriam sido encomendadas pelo dono da agência ZF Comunicação, Ziad Fares.
Na última quinta-feira, a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ e o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso publicaram nota de solidariedade ao profissional, denunciando as ameaças e reforçando que:
“As ameaças ocorreram depois que o jornalista publicou uma série de reportagens sobre os gastos do governo estadual com publicidade e propaganda. Entre os fatos noticiados estão a contratação, com dispensa de licitação, de quatro agências de publicidade para gerir uma verba de cerca de R$ 53 milhões.”
Após fazer as denúncias e entregar as provas das ameaças, o jornalista saiu do estado de Mato Grosso, pois afirma não ter “estrutura de segurança” em Cuiabá para se proteger.
Uma resposta
O governador deveria ser um exemplo ao seu povo e nâo querer calar quem fala a verdade o mais duro, é que á justiça só favorece o lado mais, forte quem tem dinheiro no caso eu nâo acredito em politícos honestos todos eles são falsos e mentirosos podendo até matar por causa de poder é fama.