Na semana passada, Bolsonaro e Salles já haviam dado vexame internacional durante a Conferência do Clima, da ONU
Por Cauê Porcé
Nesta segunda (26), o delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, declarou em depoimento na Câmara dos Deputados, que Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, teria se colocado ao lado dos madeireiros durante perícia da maior apreensão de madeira ilegal já feita pela Polícia Federal. O delegado Saraiva era na ocasião superintendente da corporação no Amazonas, sendo exonerado do cargo por apresentar um pedido de investigação.
As acusações seriam referentes a operação Handroanthus, da PF, em dezembro do ano passado, quando foram apreendidos 214 mil metros cúbicos de madeira ilegal, avaliados em R$ 130 milhões. O delegado denuncia que as tentativas de investigação de desmatamento ilegal, grilagem de terra, fraude em escrituras e exploração madeireira em áreas de preservação permanente, foram boicotadas pelo ministro, que ficou ao lado dos madeireiros.
Vexame internacional
Em menos de uma semana é a segunda vez que o ministro é destaque negativo na mídia. Em 22 de abril, considerado o Dia da Terra, teve início na ONU a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, onde Jair Bolsonaro chegou sob cobrança e descrédito dos governos por não dar a atenção devida aos assuntos relacionados à Amazônia no país.
Convocado por Joe Biden, os encontros estão ocorrendo de forma virtual, sendo que a desta quinta envolveu 40 Presidentes e Chefes de Estado. O posicionamento do democrata para o assunto é bem diferente do que pensa seu antecessor Donald Trump. Joe Biden pretende colocar o assunto no centro da agenda internacional.
ONGs e artistas, entre eles Leonardo DiCaprio e Sonia Braga, que assinaram uma carta pedindo que Biden não feche acordo com o Brasil até que o País reduza o desmatamento. O próprio governo americano tem aumentado o grau de pressão para que o Brasil adote metas ambientais e de redução do desmatamento mais ambiciosas condicionando o repasse de recursos a apresentação de resultados, e não apenas a promessas futuras.
Jair Bolsonaro e Ricardo Salles, que estudam realizar uma fusão entre o IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade ( ICMBio), o que traria prejuízos à ambas as instituições.
Salles disse esperar pagamentos antecipados de US$ 1 bilhão para que o Brasil se comprometesse a reduzir entre 30% e 40% o desmatamento na Amazônia nos próximos doze meses. Quanto à carta dos artistas, disse em suas redes sociais que eles agem apenas por política e que querem “melar qualquer acordo sobre Amazônia.