Luz no Mato é uma das ações que compõem Museu da Explosão, uma série que pensa na história de violências na formação do Brasil. O incêndio no Museu Nacional é escolhido como o clímax simbólico onde tantos destes eventos se encontram condensados – não apenas na violência do evento; na voracidade do fogo e na insanidade das explosões, mas também na maneira como muitos dos acervos se formaram. Não fosse o Brasil a colônia que é, o Museu seria outro.
É então irresistível perguntar: que outro resultado se poderia esperar do projeto de conter, à custa de toda força disponível, conteúdos que nunca se resignariam ao congelamento; sujeitos que não se tornarão objetos; manifestações que enfim não podem mais serem represadas?
Trêmula, sussurrada, quase inaudível, vem uma ideia absurda: o incêndio não é apenas perda. Há, em meio às ruínas, um tipo de libertação, uma luz. Por outro lado, o incêndio aconteceu menos de dois meses antes da eleição do inominável, aquele que “não veio para construir nada, mas destruir”. Anunciação da barbárie?
Porque buscar sentido aonde não pode haver? Uma destruição redentora? Seria melhor que o Messias não tivesse nascido. Às vezes, é apenas morte o que a vista alcança.
Luz no Mato.
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Minibio
Tomaz é artista e discute as ideias de desaparecimento e ausência dentro de um campo que se estende da política à metafísica. Este interesse pelo campo do invisível, e as ausências ‘retratadas’, promovem incertezas com a possibilidade de algumas das narrativas serem fábulas ou não. Porém seu processo tem base documental, e as pesquisas conceituais se iniciam invariavelmente a partir de observações no real.
Em 2013 iniciou, junto com o antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares, o projeto DepoisDeJunho.com, um site com amplos debates com pessoas de destaque no mapeamento de novos paradigmas emergidos a partir das jornadas de junho.
Em 2019 foi artista residente no Pivô, em São Paulo, participou da 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, do festival Kinobeat, e das mostras coletivas Abraço Coletivo, no Ateliê 397, Dominó, na Casa da Luz, e O Que Não É Floresta É Prisão Política, na Galeria Reocupa, Ocupação 9 de Julho.
Para conhecer mais o trabalho do artista
https://www.instagram.com/tomazklotzel/
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O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, essenciais, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.
Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente