Nesta sexta-feira (4), o Colégio Porto Seguro, em Valinhos (85 km de São Paulo), efetivou a expulsão de oito estudantes que trocavam mensagens racistas, neonazistas, homofóbicas e gordofóbicas em um grupo de Whatsapp. A instituição começou a apurar o caso a partir da denúncia de um aluno negro que teve acesso às mensagens. O grupo, intitulado “Fundação Anti Petismo”, foi criado no domingo (30), após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência.
O caso começou no início da semana, quando o jovem e sua mãe decidiram denunciar as declarações extremamente ofensivas propagadas na rede social. Segundo a mãe, depois que foi adicionado no grupo e questionou as imagens, foi excluído. Além disso, também foi alvo de xingamentos racistas. “Espero que você morra, fdp negro”, disse um dos colegas.
Na terça-feira (01), o estudante alvo de ofensas se manifestou contra o preconceito e foi apoiado por outros alunos. “Para todos esses alunos que fizeram esses comentários, é expulsão neles. Eles não podem ficar nesta mesma escola”, protestou na escola com um megafone.
“Quero que esses nordestinos morram de sede”; “A Fundação dos Pro Reescravização do Nordeste”, “Se ele fez com judeus, eu faço com petistas também”; foram alguns dos comentários divulgados pelos integrantes do grupo. Também houve a propagação de imagens nazistas, como Adolf Hitler e suásticas, a fascistas, na figura de Benito Mussolini.
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Em nota, o Colégio Porto Seguro declarou que após uma apuração interna foi concedida a penalização máxima aos oito estudantes envolvidos, o desligamento imediato da instituição. “Reforçamos nosso repúdio veemente a toda e qualquer forma de discriminação e preconceito, os quais afetam diretamente nossos valores fundamentais”, afirmou.
A Polícia Civil, responsável pela investigação, está apurando os fatos. “Pode ser até apologia a alguma outra coisa, mas a injúria racial está caracterizada. Esse expediente será encaminhado provavelmente ainda hoje [terça] para o Juizado da Infância e Juventude. Lá o Ministério Público vai se manifestar”, disse o delegado José Henrique Ventura. Por se tratarem de menores de idade, o caso será coordenado pelo Juizado da Infância e Juventude.
O advogado de defesa dos oito alunos alega uma precipitação na decisão da escola e uma influência mercadológica por parte da instituição particular. Avança ainda afirmando que o grupo foi criado fora do contexto escolar e que não houve qualquer ofensa dirigida a um aluno da escola, apesar de existirem evidências que provam o contrário.
Os autores da denúncia, a vítima de racismo e sua mãe, ainda alertam para a sensação de impunidade diante desses casos, em que se comete crimes gravíssimos sem pudor ou medo de ser penalizado. “Para não deixar as pessoas esquecerem. As pessoas têm que lembrar”, apontou o jovem.