A pesquisa “Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas”, feita pelo Instituto Patrícia Galvão e Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), com apoio do Uber, entrevistou 1.200 pessoas (800 homens e 400 mulheres) acima de 16 anos e constatou que até 45% das mulheres já tiveram seus corpos tocados sem consentimento, porém apenas 5% dos homens admitem ter feito isso.
Por Melannie Silva
O relatório publicado traz dados acerca da percepção geral sobre o funcionamento e importância da Lei Maria da Penha, além de traçar um perfil de como os brasileiros se portam nos relacionamentos afetivos e interfamiliares. Comportamentos abusivos como: exigir senha do celular, proibir uso de roupas, exigir que o parceiro não tenha contato com amigos e forçar relações sexuais quando um dos lados do relacionamento não queria, também foram avaliados.
Apesar de 89% das pessoas que participaram da pesquisar afirmar que brigas não levam a nada, uma em cada quatro mulheres relatou ser vítima de violência doméstica recorrente, ciúmes. O uso de álcool e outras substancias foram apontados como os maiores fatores das brigas. Até 34% das mulheres e 25% dos homens relataram precisar bloquear o ex-parceiro nas redes sociais e 15% das mulheres precisam abrir Boletim de Ocorrência por perseguição.
Apenas 5% dos homens admitem ter tocado o corpo de alguém sem consentimento, nenhum afirmou ter praticado importunação sexual no transporte público, que é crime desde setembro de 2018, após mulheres denunciarem casos de homens que ejacularam nelas dentro do transporte. 41% das mulheres relataram terem sido xingadas e hostilizadas após dizer “não” a alguém que estava interessados nelas, e 31% já sofreram tentativa de abuso sexual.
Homens e mulheres não-heterossexuais foram os que mais relataram sofrer importunação sexual como ser “encoxado”, “passada de mão” e ter outras partes do corpo tocadas sem consentimento em festas, baladas e transporte público. Além de serem maiores alvos de comentários machistas e ofensivos em ambientes de trabalho.
Os casos de violência e controle são ainda mais comuns dentro de relações afetivas. 34% disseram que o parceiro proibiu de sair para determinados lugares e 30% afirmam não poder se encontrar ou ter contato com certas pessoas. Em relação a violência sexual dentro de relacionamentos, é alarmante o número de jovens de 16 a 24 anos que relatam terem tido relações sexuais contra sua vontade ou quando estavam alcoolizados/inconscientes. Cerca de 17% afirmam que foram obrigados a não utilizar preservativos, em 2021, os índices de ISTs (infecção sexualmente transmitida) resceram 64,9% na população de 15 a 19 anos e 74,8% nos jovens de 20 a 24 anos.
93% dos que responderam a pesquisa concordam que é necessário intervir ao se deparar com um homem agredindo uma mulher. Entretando, 31% dos homens acreditam que a Lei Maria da Penha interfere em assuntos internos do casal, 23% afirmam que a lei estimula mulheres a desrespeitarem os homens e até 9% não acha que bater na esposa deveria ser considerado crime.
