“Antigamente não havia muitas queimadas, só havia queimada pra fazer caçar, casamento, ritual…Antigamente a queimada pra fazer caçar tinha limite. Hoje tem muitas queimadas, muita destruição do cerrado (…) E nós somos o povo do cerrado.”
Libêncio Xavante
A rodovia (BR-70), no Mato Grosso, perpassa o território do povo Xavante (Sangradouro), o que facilita para os fazendeiros invadirem as terras e botarem fogo.
Na aldeia Abelhinha, eles estão tentando criar uma brigada para combater o fogo. De acordo com moradores, as queimadas aumentaram exponencialmente ano passado, causando crises respiratórias em crianças e idosos.
O sistema de saúde
Com o sistema de saúde em crise por causa do Covid, seria extremamente perigoso levar as crianças e idosos até os hospitais, e por isso estão ainda mais preocupados com a questão das queimadas.
Eles não têm acesso aos medicamentos normalmente utilizados para o tratamento de doenças respiratórias, e com as queimadas não conseguem achar as plantas medicinais que utilizariam no tratamento.
O período de queimadas vai de julho até setembro, e por isso eles estão tentando se preparar o quanto antes. Todavia, não tem dinheiro para comprar os equipamentos necessários. Assim, o objetivo é criar uma brigada que fique responsável por cuidar do fogo cada vez que ele ocorrer.
Ano passado a brigada Antifascista, de São Paulo, havia colaborado com os moradores da região. A questão é que se eles não forem vacinados (os membros da brigada), não poderão ir até Sangradouro e os indígenas não terão ninguém para ajudá-los e nem o equipamento.
Eles estão totalmente sozinhos, e mesmo sabendo como utilizar os instrumentos necessários para acabar com as queimadas, sem o equipamento não poderão fazer nada. Por isso, apesar do desejo de proteger sua terra, não estão próximos de consegui-lo.