WILLIAM WAACK, MAIS UM RACISTA SUSTENTADO PELA REDE GLOBO

Por Hermínio Porto e Katia Passos, dos Jornalistas Livres

Vamos iniciar com uma breve grosseria de 2014, do principal apresentador do Jornal da Globo, noticiário que é exibido no começo da madrugada. O senhor de 65 anos, que passou por diversos veículos da grande mídia, é pouco avesso a carisma e não faz questão de ser agradável. Durante a cobertura dos Jogos Olímpicos no Brasil, teve sua antipatia ressaltada pela jornalista Cristiane Dias, também da emissora. Com o “climão” construído por ele no ar, contra uma mulher, sua colega de trabalho, ao final da cena, para se redimir do fato, Waack deu um beijo no rosto da jornalista. Ridículo.

Agora o ano é 2016 e mais uma bizarra cena é protagonizada por Waack. Durante a cobertura da campanha eleitoral nos Estados Unidos, Waack ouve uma buzina ao fundo e dispara o seguinte comentário “buzinando por que? ô seu merda do cacete??? Você é um, não vou nem falar, eu sei quem é…” E depois cochicha com o entrevistado Paulo Sotero: “Sabe quem é, né?! É preto”. Paulo Sotero, do Wilson Center, ri, como se fosse um comentário engraçado. Ambos são brancos. A Rede Globo certamente sabia, mas não imaginou que houvesse prova do racismo do jornalista. Mas, depois do vídeo ter sido por 1 ano ocultado, agora ele está disponível na internet.

E durante esse 1 ano de ocultação dessa prova cabal de racismo, Waack foi a voz da emissora nas análises de política e economia. E um dos responsáveis por fomentar a narrativa das elites na promoção das reformas e retrocessos do país: destruição de direitos trabalhistas e previdenciários; enaltecimento de Sérgio Moro e ridicularização de lideranças políticas como por exemplo, Lula, tudo com forte protagonismo de Waack e sua turma da Globo. A presença do racista William satisfez a Globo num dos seus programas jornalísticos mais tendenciosos e assistidos do país. A Globo pagou Waack para isso. E pagou muito bem.

Ao contrário da nota emitida pela rede, não existe Globo “visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações”. E aqui podemos lembrar do caso de Nayara Justino, “globeleza” demitida após pressão de racistas da empresa.
As atrizes negras que foram relegadas aos papéis de empregadas e escravas, outros que nem sequer existem em papéis relevantes, poucos jornalistas e atores em lugares de destaque, os “black face’s” do humorístico Zorra Total, para quase todos os locais da grade de programação da Globo que você olhar, verá o racismo reforçado que contraria a tal nota emitida para justificar o afastamento de Waack. O racismo da emissora está naqueles que são vistos, como Waack, e naquilo que é invisibilizado ou ridicularizado, como os negros.

Talvez fosse menos pior, se a emissora tratasse o racismo do mesmo modo que trata de maneira explícita as denúncias contra políticos que não tem conexão com sua “linha editorial”. Agora a Globo teve que mostrar punição. Mas, uma emissora de televisão que emprega alguém sabidamente racista e lhe dá destacada função, também é racista. Maçãs podres não nascem de jabuticabeiras.

E não somos nós que estamos dizendo que a Globo dá apoio moral a um racista. O final do texto da nota é bizarro: “William Waack é um dos mais respeitados profissionais brasileiros, com um extenso currículo de serviços ao jornalismo. A Globo, a partir de amanhã, iniciará conversas com ele para decidir como se desenrolarão os próximos passos”. Não há sequer uma citação de demissão.

O jornalista é o exemplo de uma ideologia que está consolidada no cotidiano, no imaginário, no vocabulário e nas relações de trabalho no Brasil, com o agravante de que ele tem espaço na rede televisiva de maior audiência no país, que deveria ter a obrigação de combater qualquer forma de preconceito, abuso ou violência. Mas não, o interesse da rede é meramente mercadológico, e se hoje abordam vez ou outra questões raciais, o fazem como uma forma de parecerem politicamente corretos. Mas as milhares de negras e negros que sofrem o racismo estrutural e diário, a Globo não engana. Com esse fato de Waack, acreditamos que muitos outros poderão acordar.

Como uma TV que tem em seu quadro alguém que diz que o que é “ruim” é “coisa de preto”, o que se esquece cai num “buraco negro” e o que não pode ser desvendado com facilidade está dentro de “caixa preta”, entre tantas outras expressões que ferem muitas negras e negros pode ter a ousadia de dizer que não é racista?

O racismo só pode ser coisa de branco racista. Este texto sim, é coisa de preto, e quem assina é uma preta e um preto!

 

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

COMENTÁRIOS

3 respostas

  1. No final diz “O racismo só pode ser coisa de branco “, essa frase demonstra nitidamente que quem escreveu esta matéria é extremamente racista. Crítica um jornalista e faz uma matéria ridícula . Como já diz o ditado, o porco falando do torresmo.

    1. Caro Marcelo com todo respeito, você calado ainda está errado.

  2. Caro Marcelo, com todo respeito, você é um racista incubado , disfarçando seus comentários racistas defendendo o anátema do William waack. Se você sofresse o que todo negro sofre todos os dias, com certeza não escreveria esta imbecilidade. Recolh8a de na sua conchinha racista e fique quieto.

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