“Não há democracia enquanto o Estado não responder quem mandou matar Marielle”

Marielle defendeu o feminismo, os direitos humanos, e criticava a intervenção federal no RJ e a Polícia Militar; em 14 de março de 2018, foi assassinada a tiros junto de seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes

A decisão de realizar a manifestação desta sexta, no Rio de Janeiro, foi tomada depois de o Jornal Nacional associar o nome do presidente da República à investigação do homicídio

“Não há democracia enquanto o Estado brasileiro não responder quem mandou matar Marielle”, disse a arquiteta e ativista Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL), covardemente assassinada em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro.

Mônica divulgou um vídeo em suas redes sociais convocando um ato de protesto para esta sexta (1º de novembro), às 17 hs, na Cinelândia. A manifestação pretende pressionar as autoridades para que apontem os mandantes das mortes da parlamentar e do motorista Anderson Gomes.

A convocação acontece no momento mais grave da investigação. Na última terça-feira (29/10), o principal telejornal da Rede Globo, o Jornal Nacional, citou o presidente da República, Jair Bolsonaro, na trama que teria culminado na execução da parlamentar.

Segundo a reportagem, o porteiro do condomínio do presidente, que na época era deputado federal, revelou que o ex-PM Élcio Queiroz, acusado pelos homicídios, se apresentou na guarita dizendo que visitaria Bolsonaro. Élcio se reuniu com outro acusado pela execução, Ronnie Lessa, sargento aposentado da PM, que morava na casa 68, do mesmo condomínio. A reunião se deu horas antes dos assassinatos; e os dois estão presos.

Como informou o JN, o porteiro revelou no inquérito que “o seu Jair”, da casa 58, havia autorizado, por telefone, a entrada de Élcio. O telejornal noticiou ainda que o então deputado, naquele horário, teve sua presença registrada no plenário da Câmara.

Em viagem à Arábia Saudita, Bolsonaro gravou uma resposta nervosa, longa, crivada de ataques à Globo, considerada por ele “canalha”. E disse que não haverá “um jeitinho” no processo de renovação da concessão da Rede Globo. No vídeo, o presidente acusou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de vazar para o JN detalhes da investigação do assassinato de Marielle, que corre em segredo de Justiça. No dia seguinte, o Ministério Público fluminense declarou que o porteiro deu informação falsa ao citar Jair Bolsonaro na investigação do crime.

Na semana conturbada, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, cuidou de ampliar a crise com uma ameaça à democracia brasileira. Disse, em entrevista, que “se a esquerda radicalizar”, uma das medidas do governo seria uma espécie de reedição do Ato Institucional número 5, o famigerado AI-5, um dos piores instrumentos usados pela ditadura militar para violentar não só os seus opositores, mas a nação inteira. Bolsonaro desqualificou a declaração do filho, desautorizando-o a falar no retorno do AI-5. Neste clima, será realizado o ato da Candelária, encabeçado, entre outros militantes, por Mônica Benício, que escreveu em seu Instagram: “…completam-se 597 dias sem resposta. Sem justiça. Sem saber quem mandou matar Marielle. Se você também está do lado da democracia, se você também quer ver um Brasil mais justo, vem pra rua com a gente. Estaremos juntas, juntos e juntes ocupando as ruas por ela e por nós.”

Em São Paulo, a manifestação está marcada para dia 5, terça-feira, às 18 hs, no vão do Masp, na avenida Paulista. A convocatória carrega as frases: “Ditadura nunca mais”; “Basta de Bolsonaro”, “Justiça por Marielle”.

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