Triste PT

Senador Lindbergh Farias (PT-RJ)

O senador Lindbergh Farias foi afastado ontem da liderança da oposição ao governo golpista de Michel Temer no Senado.

Era uma função que o senador cumpria desde o dia 28 de junho, logo após a Câmara dos Deputados decidir pela admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Sua missão: articular a luta contra o golpe em curso e, depois de aprovado o impeachment, coordenar o bloco de oposição ao governo ilegítimo.

Durante os últimos sete meses, Lindbergh tornou-se uma das principais vozes no enfrentamento aos golpistas e seus planos antipovo. Foi assim na luta contra a PEC 55, contra os ataques ao pré-sal, contra o desmonte da Saúde, Educação e Direitos Sociais.

Foi assim também quando Lindbergh votou contra o golpista Eunício Oiveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado, e exortou todos os parlamentares do PT a negar seu apoio a quem tivesse conspirado contra a Democracia, votando num impeachment sem base legal, como já é notório.

Acontece que essa posição, em franca consonância com o desejo dos movimentos sociais e da militância de esquerda, não era majoritária na Direção Nacional do PT.

Ciosos dos cargos de que dispunham, aferrados à máquina que triturou a Democracia sem dó e nem piedade, muitos parlamentares diziam ser necessário compor com golpistas com o objetivo de “ocupar” espaços nas mesas diretoras da Câmara e do Senado.

Vergar a coluna vertebral e colocar-se de joelhos para “ocupar” espaços nunca foi tática que tenha dado certo na esquerda. Só desconcerta a militância, imobiliza os aliados, descontrói a narrativa de luta.

Pois Lindbergh, corajosamente, liderou a rebelião da base petista contra essa posição oportunista e covarde, chamando a militância a pressionar os parlamentares do partido a que revissem sua decisão e assumissem com dignidade o compromisso de classe: “Nenhum voto em golpista!”

Já tinha sido difícil entender a atuação do senador petista Jorge Viana diante da crise colocada quando do afastamento do então presidente do Senado, Renan Calheiros, em dezembro de 2016, por uma liminar do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. Réu no inquérito nº 2.593, Renan não poderia ter posto que o colocasse na linha sucessória da Presidência da República. Quem ocupou o cargo de Renan, seu substituto natural, foi o petista Jorge Viana.

Pois não é que Viana, cuja voz foi quase inaudível quando da luta contra o impeachment de Dilma, transformou-se num leão em defesa de Renan? Viana enfrentou o STF e, assim, ajudou no retorno de Renan à presidência do Senado. Ajudou também, por tabela, a pavimentar a aprovação rápida da PEC 55, que foi a primeira votação presidida por Renan após a recondução ao cargo.

Impossível não perceber, na destituição de Lindbergh da liderança da oposição no Senado, um ato de retaliação de parlamentares petistas, contrariados em seu desejo de compor com os golpistas. Impossível não perceber que é a própria existência do PT que está em jogo.

O novo líder da oposição no Senado passa a ser o senador Humberto Costa, de tímida atuação contra o golpe.

O PT perde, a militância perde, a oposição perde, as forças democráticas perdem.

Momento triste para o PT.

PS: Felizmente, a combativa senadora Gleisi Hoffman, antigolpista de princípios, assumirá a liderança do PT no Senado. (Humberto Costa é o novo líder da Oposição, no lugar de Lindbergh)

 

 

 

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. A senadora Gleisi é tão combativa quanto o Lindbergh. A diferença é que ela jamais combate o próprio PT. O senador Lindbergh, por suas posições e intervenções intempestivas frequentemente mais parece um senador do PSOL. Não seria por isso que alguns o acham tão bom?

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