Tremores no chão das ruas

O Brasil se levantou nas ruas pela democracia. Por todo o país, milhares disseram basta a Eduardo Cunha e seu terrorismo legislativo, dezenas de cidades unidas na defesa da legalidade constitucional, exigindo imediatas correções de rumo na política econômica para que o Planalto possa se reconciliar com o setor social que reelegeu Dilma e não abrirá mão do programa vitorioso nas urnas há apenas um ano.

Avenida Paulista tomada pela onda vermelha nessa quarta-feira, 16. Foto: Mídia NINJA
O ‘Fora Cunha’ e o combate a tentativa de golpe foram os motes centrais da mobilização no meio da semana. Foto: Mídia NINJA

Ruas em polvorosa como não se via desde a onda vermelha que varreu o país para reeleger Dilma. Praças abarrotadas com o que há de melhor nos movimentos sociais, nas lideranças populares, na juventude e no novo ativismo das redes sociais. Apesar de toda a crise que caracterizou 2015 o ano ainda não acabou e o obscurantismo não sairá dele mais forte do que esta democracia que a duras penas estamos construindo.

Diferente do que se viu nas ruas golpistas de domingo, a diversidade do Brasil se mostrou não apenas em todos os seus tons de pele, como também nos valores de convivência e solidariedade que devem reger os processos políticos e as manifestações públicas. Sem agressões, desrespeito ou discursos de ódio, vimos algo muito distinto das imagens de intolerância e violência que inundaram as redes sociais constrastando com a narrativa “ordeira e pacífica” dos veículos de comunicação controlados pelos Barões das Mídias tradicionalmente avessos à organização popular e às práticas de um jornalismo livre atento à ética e ao interesse público.

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Manifestação em São Paulo. Foto: Mídia NINJA

Os saudosos da ditadura militar e da privataria tucana que insistem em construir esta crise política se unem não por causa dos erros do governo Dilma, mas por algo muito mais simples: eles odeiam os pobres e não se conformam com suas conquistas nesta década de avanços sociais e de uma inédita redução de desigualdades.

Camera da Globo é expulso da manifestação, seguido de seu segurança particular. Foto: Mídia NINJA

Os defensores do impeachment não tem pudores em esconder seu ódio e se alinhar sob a sombra espúria de Eduardo Cunha para desafiar as instituições do Estado, enquanto tentam impor seus próprios interesses por cima da soberania popular expressa nas urnas que reelegeram a primeira mulher presidenta com mais de 54 milhões de votos.

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Da esquerda pra direita: Natal, Recife e Belo Horizonte, algumas das centenas de cidades que tiveram mobilizações contra o impedimento de Dilma nessa quarta-feira. Fotos: Autoria desconhecida

Eles não divergem do ajuste fiscal, nem se opõem a Levy, Katia Abreu, Kassab e tudo aquilo que eles representam na coalisão de governo encabeçada pelo PT. Muito antes pelo contrário!

O Plano Temer, a Agenda Brasil e todas as propostas até agora colocadas na mesa pelos representantes da elite escravocrata insinuam justamente a retirada de direitos e a interrupção das mais exitosas políticas sociais levadas a cabo pelos governos petistas. Suas propostas vão na direção de interroper o caminho de mudanças que colocaram o país não apenas na vanguarda mundial de redução das desigualdades, mas ainda fizeram do Brasil uma nova referência mundial no combate da corrupção endêmica e historicamente naturalizada em nossa sociedade. Convenhamos: aqueles que saem às ruas vestindo a camisa da CBF e pagam o mico de posar com o pato da FIESP não tem qualquer compromisso com o combate à corrupção, ao contrário disto, financiaram as campanhas milionárias da #QuadrilhaDoCunha e elegeram este Congresso de achacadores.

Os defensores do impeachment se movem na mais absoluta seletividade de indignação com o objetivo explícito de reverter a derrota que sofreram nas urnas.

Foto: Mídia NINJA

Já não restam dúvidas de que o maior crime deste governo é representar justamente aquilo que eles mais odeiam: o povo pobre e trabalhador, aqueles que venceram a miséria e a fome. Lamentamos informar, mas este não será o país do ódio e a História será implacável com os golpistas de plantão!

Ninguém pode interromper o caminho da primeira geração de brasileiros que cresceram livres da tragédia histórica da fome. Não permitiremos retrocessos nem mais nenhum passo atrás em nosso caminho de construção democrática e solidária. Crise é sempre uma oportunidade de superação e o Brasil precisa reencontrar o caminho das mudanças estruturais.

Juntos continuaremos fazendo a diferença e avançando no rumo de novas vitórias públicas que ampliem direitos e aperfeiçoem a democracia. O fim da miséria é só o começo e o Brasil tem ainda muitas fomes a vencer. Nós não estamos sós! Eles tem o poder econômico, político e midiático, mas nós temos uns aos outros. Amanhã vai ser maior.

#GolpeNuncaMais
#MenosÓdioMaisDemocracia

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