Nem por um segundo me iludi com a possibilidade do STF conceder HC e liberar Lula até conclusão total do processo judicial.
Assim como não tenho mais a ingenuidade de que haverá eleição legítima com a possibilidade da Esquerda (ou Centro Esquerda) ganhar.
Esse golpe não é amador e nem reativo, estão muito preparados e articulados, e caso não surja candidato golpista capaz de se eleger dentro da fraude que excluiu Lula (candidato preferido da maioria dos brasileiros), darão um “jeitinho institucional” de não ter eleição direta, então, teremos dois cenários: Parlamentarismo – sistema que o poder executivo federal é escolhido pelo Congresso – ou governo militar.
Repito, não existe a mínima chance de um candidato não-golpista ser eleito. Insistir em estratégias que ignoram isso é burrice, um enorme atestado de que não entendemos nada do que aconteceu até aqui.
Qualquer possibilidade de derrubada do golpe depende de um levante popular em massa, que passe por greves gerais e desobediência civil, o que, infelizmente, não acontecerá agora. Acredito que esse cenário se estabelecerá nos próximos quatro anos, talvez, no auge da crise de desemprego, por volta de 2020.
Sem Lula e sem levante popular, resta-nos a luta simbólica que marca a narrativa histórica no imaginário social, essa guerra estamos vencendo e não podemos baixar a guarda agora com a ilusão de uma vitória nas urnas, que não ocorrerá.
O embate é na rua, nos mercadinhos, nas academias, nos clubes, nas escolas e faculdades, nos bares, no youtube, na produção de textos didáticos e acessíveis, no olho no olho; uma resistência por meio da educação política, estratégia que o PT negligenciou em seus governos e permitiu que a população desassociasse sua melhora de vida da agenda política popular desenvolvida entre 2002 e 2015. Hoje, temos uma população que acessou crédito e consumo, casa própria, universidade, mas acredita que foi unicamente resultado do seu esforço abençoado por Deus.
É urgente uma estratégia nacional de educação política que explique que não existe combate das desigualdades sem um governo comprometido com políticas sociais.
Empenhar força e tempo nessas eleições que só servem para tentar legitimar o golpe, dando a ele ares democráticos; além de nos tornar cúmplices, é também perder uma potente munição de denúncia nacional e internacional.
Usemos as campanhas e propagandas eleitorais para repudiar o pleito em sim, demonstrar didaticamente o golpe, tomemos as televisões e rádios, falemos na Globo que esta eleição é um engodo para continuarem a destruição dos nossos direitos civis, políticos e sociais.
Não há mais espaço para ilusões de que há respeito aos preceitos constitucionais. Não há vitória possível nessa eleição, se é que permitirão que ela aconteça.
Não vai ter Lula, nem Boulos, nem Manuela, nem Ciro. É hora de admitir a derrota atual e partir com toda força para pós-2018.
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Thais S. Moya
Maio de 2018
2 respostas
A primeira fala de temer ao assumir o golpe foi numa cerimonia chulé onde ele disse muito claramente que trabalharia para o surgimento do parlamentarismo. Parece que as coisas caminham nesse rumo. A briga será entre eles, ainda. Quem será o primeiro ministro. Se já não fecharam sendo ele o tal. E lembro que já houve ha alguns anos atrás, um plebiscito sobre isso e o povo decidiu contrário. Como não respeitam mais nada, aquela decisão pouco significa.E tem que ficar claro que esse sistema parlamentarista não trabalhará para o povo e sim para a classe dominante, que é bem distante da classe média que bateu panela. Será um sistema parlamentar dirigido aos grandes investidores estrangeiros. Caros brasileiros empresários, podem recolher sua fé porque não haverá chance para você. Como não haverá para nós, o povo. Batam panelas. É com muita tristeza que digo isso. Gostaria de estar enganada.
Melhor análise que vi até agora. Assino embaixo.