Marília Romualdo do Amaral, técnica de enfermagem do Hospital dos Servidores, Rio de Janeiro, foi acusada de usar uma xícara com a frase “Sou da cuscuz Klan” por uma colega de trabalho. O trocadilho faz referência ao movimento supremacista branco estadunidense, que foi responsável por arquitetar uma série de ataques terroristas contra negros e outras minorias políticas, como judeus e gays. Denominado “Ku Klux Klan”, o movimento resiste até os dias atuais entre a extrema-direita. Rosana Resende, a técnica de enfermagem que denunciou a colega, conta que ela utilizava a caneca na copa do hospital durante os intervalos. Em setembro deste ano, a campanha de Jair Bolsonaro difundiu o trocadilho com o movimento racista para promover eventos bolsonaristas. Um outdoor de Blumenau, fora as demais publicações nas redes, retratava a imagem do presidente acompanhado de dois milhos cobertos com capuz branco, vestimenta da Ku Klux Klan, com o seguinte texto: “Sou da Cuscuz Clan”.
Por Emanuela Godoy
Rosana, mulher negra, disse ao portal G1 que teria tentado conversar com Marília, entretanto não obteve sucesso, por isso resolveu levar o caso até a chefia e a Ouvidoria da unidade. Ninguém do hospital, mesmo assim, tomou alguma medida para impedir que Marília utilizasse sua caneca nos intervalos. A chefia justificou que se tratava de “liberdade de expressão”.
“Me sinto ferida na minha existência como mulher negra, como ser humano, não só como mulher negra, porque uma organização supremacista branca, que foi criada com o objetivo de extermínio de pessoas, independente de raça, porque é negro, até porque não foi só isso, porque eles também assassinavam judeus, assassinavam gays, assassinavam católicos. Então, a gente não pode normalizar essa situação”, disse Rosana ao G1.
Rosa então resolveu levar o caso até o sindicato, que a ajudou a entrar em contato com a direção do hospital. Oswaldo Mendes, diretor do Sindisprev/RJ, disse para a divisão de enfermagem do hospital que propagar símbolos racistas é crime. Até agora, no entanto, nada foi feito.
Em suas redes, Marília também já defendeu o tratamento da Covid com remédios comprovadamente ineficazes, como Cloroquina, e fez piadas com negros.
Campanha de Bolsonaro difunde piada com Cuscuz Clan
Dois momentos da campanha do presidente foram marcadas pela propagação de piadas com a Ku Klux Klan nazista. Em setembro, o deputado bolsonarista General Girão (PL) promoveu um evento em Natal com Michelle e Bolsonaro com o trocadilho com o movimento racista. Em suas redes, Girão disse que o trocadilho não passava de uma brincadeira.
Já em Blumenau, um outdoor de apoio ao presidente também fazia piada com o movimento racista estadunidense. Nesse caso, o TRE-SC determinou a remoção do outdoor ou multa diária de R$ 1.000. Entretanto, não se tratava do conteúdo e sim da irregularidade na campanha. É proibida a promoção de candidatos por outdoors.
Uma resposta
A piada nasceu com o Lula, que acusou movimento do seu adversário de ser da “cuscuz clã”. Se essa tecnica se sente ofendida por um meme em uma caneca ela precisa de um psiquiatra.
https://www.youtube.com/shorts/qamz_k_ViKw