A ameaça é real. Bolsonaro precisa cair. E só uma eleição conturbada como a de 2022 para unir candidatos tradicionalmente da direita em um objetivo em comum: derrotar o atual presidente. A lista, por enquanto, contém Tabata Amaral, candidata a reeleição como deputada federal pelo PSB, Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e tucano de alta plumagem, Miguel Reale Jr., autor do pedido de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e Marta Suplicy, apoiadora do golpe que derrubou Dilma. Com o enfraquecimento da terceira via, só Lula para ganhar de Bolsonaro. E até opositores históricos do PT sabem.
Por Beatriz Pecinato
Tabata Amaral (PSB) é candidata à reeleição como deputada federal pelo PSB. Em 2018, apoiou Ciro Gomes (PDT) nas eleições presidenciais. Entretanto, como ela mesma reconhece, a chapa Lula – Alckmin é a única que tem chances reais de derrotar Bolsonaro. Em uma entrevista para o UOL, realizada em Março deste ano, Tabata defendia o estabelecimento de uma terceira via, que poderia vencer o atual presidente nas eleições. Entretanto, essa terceira via não se viabilizou.
Uma das razões pra eu ter apoiado Ciro com tanto entusiasmo em 2018 foi saber que ele era o único candidato com condições de derrotar Bolsonaro. Dessa vez a única chapa com condições de derrotar Bolsonaro é a de Lula e Alckmin. pic.twitter.com/bxgewnuOsn
— Tabata Amaral 4040 ✏️ (@tabataamaralsp) September 22, 2022
“Vamos fechar essa fatura já no primeiro turno? Eu refleti muito antes de gravar esse vídeo, mas entendi que era necessário que eu viesse aqui fazer um pedido para vocês. Precisaremos colocar a democracia em primeiro lugar e convencer o máximo de pessoas possíveis a votarem, já no primeiro turno, na única chapa que tem condições reais de derrotar Bolsonaro, que é a composta por Lula e Alckmin” disse a candidata no vídeo.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi presidente do Brasil entre 1995 e 2002. Seu partido e sua figura, historicamente, não apoiam Lula. Entretanto, os dois ex-presidentes sempre mantiveram relações cordiais. Hoje, 22/09, FHC publicou em suas redes sociais uma nota pública a respeito do “Voto Pró-Democracia nas Eleições”. O que não espanta é a falta de coragem de Fernando Henrique em citar o nome de Lula na declaração. Porém, a descrição do ex-presidente do PSDB indica que o voto democrático é no candidato do Partido dos Trabalhadores.
Nota pública | Voto Pró-Democracia nas Eleições: "Como é do conhecimento público, tenho idade avançada e, embora não apresente nenhum problema grave de saúde, já não tenho mais energia para participar ativamente do debate político pré-eleitoral.
— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) September 22, 2022
“Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da diversidade cultural da nação brasileira, (…)” declara a nota de FHC.
Miguel Reale Jr., um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, declarou apoio a Lula na quarta-feira, 21/09. O jurista apoiava a candidatura de Simone Tebet (MBD); entretanto, como a candidata não tem chances de derrotar Bolsonaro, Reale decidiu apoiar Lula.
Em mensagem ao Estadão, Reale disse: “Sem perspectiva de vitória da terceira via, é importante que Lula vença no primeiro turno, para se impedir ação desesperada de Bolsonaro. Decidir por Lula é consequência de saber que assim se evitará (sic) ataques à democracia, à dignidade da pessoa humana e ao meio ambiente, que, com certeza, sucederão com maior intensidade em novo mandato de Bolsonaro”
A decisão do ex-ministro Miguel Reale, um dos mais conceituados juristas do nosso país, mostra a gravidade do momento em que vivemos. Não se trata, no momento, de ser contra ou a favor do PT. O dr. Miguel Reale foi, inclusive, autor do pedido de impeachment da Presidenta Dilma. pic.twitter.com/VMY7w3Rnpn
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) September 21, 2022
Marta Suplicy, antiga filiada ao PT, e atual Secretária de Relações Internacionais de São Paulo, também declarou apoio a Lula. Em 2016, quando Dilma sofreu o golpe que a retirou do poder, Marta Suplicy não só apoiou ferrenhamente o impeachment, como chegou a levar flores a Janaína Paschoal, uma das autoras do processo ocorrido em 2016.
No Twitter, Marta publicou seu apoio ao candidato do Partido dos Trabalhadores. “Lula já”, disse em tweet.
Vote Lula no primeiro turno. Por que? Porque você, eu, e todo mundo, não aguenta mais este clima de ódio, violência, medo e tensão. O vencedor já está apontado.
— Marta Suplicy (@martasuplicy_) September 22, 2022