Sublimis Dei

Após 481 anos, quando em 1537 o Papa Paulo III emitiu a bula Sublimis Dei, em que afirmava que os índios são homens, ouvimos novamente essa frase sendo repetida no Brasil, índio é gente. O que anda acontecendo no país?

Esta Bula Papal de 1537, em latim, foi publicada pelo Papa Paulo III, que foi papa de 1534 a 1549. Mais conhecido por convocar o Conselho de Trento em 1545, Paulo III também estava preocupado com o papel da Igreja na América.

Encontro uma referência hoje em artigo de Eliane Brum, no El País, intitulado  Os “malucos” sapateiam no palco. É um bom caminho para meu entendimento, pois cada ministério tem o maluco que merece, vou desvelando as surpresas desses dias. Mas vamos à Eliane:

 

...”Enquanto parte dos brasileiros se distrai com a dança dos “malucos”, os ruralistas vão tentar avançar no seu propósito de abrir as terras indígenas para exploração. Não custa lembrar, mais uma vez, que as terras indígenas são de domínio da União. Os indígenas têm apenas o usufruto exclusivo sobre elas. Quando Bolsonaro compara os indígenas em reservas com “animais num zoológico” e diz que os indígenas “querem ser gente como a gente”, querem poder vender e arrendar as terras, ele não está sendo apenas racista.

Ele também está manipulando. A sua turma quer que as terras públicas sejam convertidas em terras privadas, que possam ser vendidas e arrendadas e exploradas. Enquanto fazem a dancinha da invasão estrangeira, a floresta vai sendo tomada por dentro. O nacionalismo da turma de Bolsonaro bate continência não só para os Estados Unidos, mas também para os grandes latifundiários e para as corporações e mineradoras transnacionais.

No futuro bem próximo assistiremos ao que acontece quando um delírio coletivo, construído a partir de mentiras persistentes apresentadas como verdades únicas, é confrontado com a realidade. Às vezes parece que Bolsonaro acredita que tudo vai acontecer apenas porque ele está dizendo que vai. Ele diz, depois se desdiz, aí diz que inventaram que ele disse o que disse. Em resumo: ele diz qualquer coisa e o seu oposto. Em alguns sentidos, Bolsonaro parece uma criança extasiada com o sucesso que faz no mundo dos adultos, com bonés e figurinhas de seus ídolos. Parte do seu entorno, que não é burra, acredita que pode controlar a criança mimada e voluntariosa – e convencê-la a agir conforme seus interesses. Veremos.”

 

 

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