Sou o Cacique Nhaket Kayapó e irei carregar a tocha olímpica pra mostrar para o mundo que meu povo existe

Sou o Cacique Nhaket Mekrangnotire e 15/06 irei carregar a tocha olímpica em Belém pra mostrar para o mundo que meu povo existe.

Sou o cacique Nhaket Kayapó tenho 58 anos de idade. Serei o indígena responsável por conduzir a chama olímpica que dia 15 de junho percorrera as ruas da capital paraense. Sou casado, tenho cinco filhos e divido meu tempo entre a caça, a pesca, coleta de frutas, atividades de roças além de liderar um grupo e subgrupo Kayapó Mekrangnoti localizados na região sudeste Paraense. Ainda criança vinha sendo preparado por meus avós para tornar me um grande líder do povo Kayapó Mekrangnoti povo que hoje esta sob a minha responsabilidade. Fui orientado a me tornar um bom (Menbenhadjuara) cacique, respeitador com habilidade para manter o meu povo sempre unido desde quando me tornei um adolescente.

Depois de muito tempo morando na aldeia Mekrangnoti, realizei a minha primeira experiência em transferir o grupo para outra localidade, juntamente com as lideranças e os mais antigos Bepkum, Nikaíti, Kôkôreti e Yabuti e Bepgogoti, onde criamos atual e maior aldeia dos Mekrangnotire chamado aldeia Kubenkakre.

1Hoje estou na luta pela preservação das florestas que tradicionalmente sempre foram ocupadas pelo meu povo, mas que a cada dia recebem novas ameaças de invasores madeireiros, garimpeiros, pescadores, fazendeiros e de representantes de grandes projetos como ferrovias e rodovias que o governo planeja implementar dentro de nossas Terras Indígenas.

Já viajei para diversos países e muitos estados representando os povos Kayapos que vivem nas aldeias Baú, Kubenkakre, Pukanu, Kawatum, Krimei, Pugraitire e aldeia Pukatô situadas nas terras indígenas Baú e na Terra indígena Mekrangnoti que compreendem uma área de 6,5 milhões de hectares onde temos muitas florestas preservadas.

Estas Terras Indígenas ficam no município de Altamira, nas proximidades do município de Novo Progresso, no sudeste Paraense, uma região que tem como principais atividades econômicas a indústria Madeireira, as atividades garimpeiras, a agricultura e a pecuária. Os Kayapós lutam para preservar o meio ambiente contra recorrentes invasões de seus territórios daqueles invasores que buscam recursos naturais, madeira, ouro, pescado e animais silvestres.

Neste sentido conquistamos importante premiação quando em 2004 a terra Indígena Baú recebeu uma certificação ambiental importante. O selo Verde que reconhece a nossas terras o título de maior área na América Latina em preservação. O selo verde é uma premiação criada pelo FSC – (Forest Stewardship Council) ou (Conselho de Manejo Florestal) uma organização não governamental, independente e sem fins lucrativos, que promove o uso responsável das florestas em todo o mundo. A ONG FSC foi criada em 1993 em resposta as manifestações contrárias ao desmatamento, e é mundialmente reconhecido como uma das iniciativas mais importantes da última década para promoção do manejo florestal responsável.

Dia 15 de junho, eu, O cacique Nhaket irei carregar a chama Olímpica, símbolo na história dos Jogos Olímpicos que representa a paz, espero poder ajudar meu povo Kayapó e meus parentes. Quero que este fogo sagrado ilumine o mundo que precisa enxergar melhor os povos indígenas e a realidade vivida por nós, as populações indígenas no nosso país, que desde a colonização, estão sofrendo a violação dos nossos direitos a nível territorial, cultural, e em nossa vida social.

Nós os povos indígenas estamos sendo cada vez mais ameaçados pelos grandes empreendimentos, Propostas de Emenda Constitucional governamental como a PEC 215, que está tramitando no congresso nacional desde 2014 visa tirar autonomia do poder executivo sob as terras indígenas e transferir atribuições para o poder legislativo, onde nitidamente observa-se a intenção do governo em diminuir as terras indígenas para exploração de recursos naturais existentes nesses territórios tradicionalmente ocupados pelas populações indígenas há milhares de décadas.

Um exemplo disso é a usina hidrelétrica de Belo Monte que já foi concluída na região do Xingu, e nossos parentes indígenas e os povos tradicionais , já estão sofrendo sérias consequências causadas por esse empreendimento. São alterações climáticas, secas prolongadas, inundações e principalmente, escassez de comida. Estas atitudes extremamente agressivas, praticadas em nome de desenvolvimento do nosso país, estão deixando milhares de vidas infelizes, sem abrigo e sem alimento. Portanto, em nome deste símbolo da PAZ, quero aqui pedir apoio de toda sociedade chamando todos para lutarem por um desenvolvimento mais limpo, justo e desta forma, destinar uma vida mais digna a sociedade e a biodiversidade que vivem no nosso Brasil!

Convoco Todos Parentes e Parceiros Que Estão em Belém para Fortalecer este Momento.

Nhakêt Kayapó.
Cacique dos povos Kayapos das aldeias Baú, Kubenkakre, Pukanu, Kawatum, Krimei, Pugraitire e Pukatô situadas nas TIs Baú e na TI Mekrangnoti


Ponto de recebimento da tocha e partida (previsão): Rodovia Augusto Montenegro, 13184-13286 – Castanheira, Belém – PA, Brazil. Referência: Casa com cerâmica cinza na fachada, lado direito. Condomínio antigo amarelo, lado esquerdo. Horário de partida (previsão): 12:59 Final do percurso (previsão): Av. Augusto Montenegro, 13402-13456 – Castanheira

 

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

A bahia que não veremos em Renascer

A Bahia que não veremos em Renascer

Enquanto a estreia do remake da novela “Renascer” promete ressuscitar a cultura do cacau na Bahia nas telas e o culto ao “bom coronel”, a dramática realidade no Sul do estado contradiz a narrativa ficcional. “Renascer” busca entretenimento, mas o segundo estado com maior população indígena do Brasil enfrenta uma realidade que não é mostrada nas tramas televisivas.

Conquistas históricas Lily Gladstone

Conquistas Históricas!

Lily Gladstone faz história no Globo de Ouro, e “O Território” conquista o Emmy Internacional!