Por Al Parsons – de Birmingham, EUA
Tradução: Dinha
Na minha opinião, as imagens feitas em Los Angeles, Califórnia, em 14 de janeiro, publicadas na página do La Jornada, revelam uma contradição muito forte, pois, dentro e fora de Yankilândia, muita gente assume que a abundância material é real, e que todo aquele que queira trabalhar poderá ter êxito em tudo o que deseje comprar. Aquelas pessoas que não conseguem realizar o “sonho americano”, certamente são “fracassadas”, devido a algum defeito pessoal ou moral.
Bom, pelo menos este é o conto em que muitos de nós acreditamos, dentro e fora da Yankilândia.
Mas o que vemos nestas imagens?
À primeira vista vemos as vias férreas de Los Angeles, Califórnia, rodeadas de lixo.
Bem, não é lixo.
São milhares de pacotes abertos e seus conteúdos estão esparramados ao acaso ao longo dos trilhos do trem, como se fossem descartes. Dizem as mídias que esses pacotes estavam sendo transportados em trens de carga para empresas como Amazon, Target, UPS, Fedex, entre outras.
O que não se diz é que muitos desses vagões foram saqueados, os pacotes abertos e seus conteúdos esparramados. Segundo os artigos que li em inglês, os “saqueadores” (“looters” como são chamados pela imprensa ianque) não procuravam nada além de objetos de valor e, portanto, largavam o que para eles não tem valor monetário. Os jornalistas Cassie Buchman y Alex Caprariello, do News Nation Now, escreveram uma lista com alguns dos objetos que conseguiram identificar entre os milhares de pacotes espalhados ao longo dos trilhos:
“…Desde fotos de retratos familiares, botas, medicamentos, testes rápidos para detectar COVID-19, cotonetes e equipamentos de proteção individual [como os que devem usar enfermeiros]. Entre os objetos mais caros identificados pelos jornalistas do ‘Nexstar’s NewsNation’ encontraram uma caixa do medicamento para artrite, da marca “Humira” e que pode chegar a custar aos pacientes mais de 6 mil dólares’”
A empresa ferroviária Union Pacific disse que vem aumentando os roubos em seus trens de transporte de cargas e, portanto, estão tendo que contratar mais agentes especiais para vigiar os trilhos nessas áreas de Los Angeles.
Entre as imagens mais chocantes está a de uma mulher sozinha ao lado dos trilhos, rodeada de uma enorme quantidade de objetos largados e caixas. O jornalista Alex Caprariello descreve da seguinte maneira a cena captada por sua câmera:
“Vi com meus próprios olhos uma mulher que depois de procurar entre os objetos esparramados saiu andando com uma caixa de pratos e panelas.”
Na minha opinião, essas imagens ressaltam as fortes contradições deste “sonho americano”, onde o que mais abundam são os pesadelos.
Ou como dizia lendário comediante George Carlin:
“A razão pela qual o chamam de ‘Sonho Americano’ é porque se deve estar dormindo para acreditar nele.”