Sem provas, polícia civil do Pará indicia brigadistas de Alter do Chão

Num inquérito fraco, cheio de lacunas, a polícia civil do Pará resolveu indiciar, na última quarta-feira (18), os quatro brigadistas que arriscaram suas vidas para apagar os fortes incêndios que destruíram parte da vegetação do balneário de Alter do Chão (Santarém-PA) em novembro deste ano.

Numa acusação claramente política e persecutória, os brigadistas responderão por danos a unidades de conservação e áreas de proteção ambiental, concurso de pessoas e associação criminosa. Enquanto isso, grileiros e desmatadores que agem há  muito tempo na região foram descartados como suspeitos de terem iniciado os incêndios.

Em nota de hoje (20), o Projeto Aliança (que defende gratuitamente pessoas que tiveram seus direitos fundamentais violados), redes de advogados e defensores públicos, e organizações da sociedade civil condenaram a ação arbitrária da polícia. Segue a nota:

“A notícia do indiciamento dos integrantes da Brigada de Alter do Chão surpreende a Defesa e representa uma enorme injustiça. O indiciamento é fruto de ilegalidades e, infelizmente, indica direcionamento da investigação.

Encerraram-se as investigações de maneira atropelada, sem a realização de perícia técnica, ainda em curso na Policia Federal, para apurar em que circunstâncias efetivamente ocorreu o incêndio. Ignorou-se também pedido para que fossem ouvidas testemunhas indicadas pelos advogados dos brigadistas à autoridade policial há mais de duas semanas. Esta precipitação atenta contra a apuração correta dos fatos.

O indiciamento foi baseado em ilações extraídas de depoimentos meramente especulativos sem nenhuma prova atacando aqueles que dedicaram as suas vidas a combater incêndios voluntariamente na região amazônica.”

Saiba mais sobre o caso:

Para prefeito , grileiro e policial militar podem ter causado incêndio em Alter do Chão

Nota de esclarecimento da Brigada de Alter do Chão

MPF no PA requisita inquérito que acusa brigadistas por incêndio em Alter do Chão

Família do Juiz que determinou prisão de brigadistas já foi multada por crime ambiental

 

 

 

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