Seguranças são indiciados por morte de pedreiro em condomínio de luxo

Seguranças ainda esconderam provas do crime e dificultaram investigação

A investigação do caso pela Polícia Civil do RJ indiciou três funcionários e o representante legal da empresa de segurança Grupo Hawk Segurança e Vigilância Ltda por homicídio do pedreiro Claiton Jorge Pereira da Costa, que foi morto em 28 de janeiro de 2022 em um condomínio de luxo da Barra da Tijuca. Além disso, também são acusados de porte ilegal de arma de fogo, fraude processual e usurpação de função pública. Segundo as apurações do homicídio, os funcionários atiraram cinco vezes contra o pedreiro e modificaram as gravações das câmeras de segurança do local.

Segundo o relatório final do inquérito, ao qual o EXTRA teve acesso com exclusividade, por volta das 6h de 28 de janeiro, Clailton foi baleado na cabeça. Os cinco disparos também atingiram a parte traseira de seu carro, um Fiat Palio. Os disparos foram feitos por Felipe Oliveira Vieira e Eduardo do Nascimento Gonçalves, ambos do Grupo Hawk Segurança e Vigilância Ltda. A empresa é contratada pelo pelo Condomínio Del Lago para prestação de serviços de segurança armada, monitoramento de câmeras do circuito interno, limpeza e jardinagem

“Coincidentemente, as imagens fornecidas pela Hawk são somente aquelas que, em tese, demonstram o possível crime de furto praticado por Clailton. Absolutamente nenhuma câmera que tenha relação com a abordagem dos vigilantes foi apresentada. Pelo princípio da boa-fé objetiva e o manifesto interesse pelo ônus probatório, a empresa seria a maior interessada em fornecer as imagens que comprovariam a versão narrada pelos seus prepostos”, destaca um trecho do documento, assinado pelo delegado Leandro Gontijo, titular da 16ª DP.

O relatório do Instituto de Medicina Legal (IML), ao investigar a causa da morte de Claiton, também revelou irregularidades nas trajetórias dos disparos, comprovando a edição das imagens de segurança. Além disso, o relatório ainda declara que “os vigilantes, em franca usurpação da função pública de policiamento ostensivo, portando arma de forma ilícita, o constrangeram mediante grave ameaça para que ele saísse do carro, encostasse na parede e aguardasse a presença da PM”. 

Portanto, Felipe e Eduardo foram acusados de assassinato, porte ilegal de arma de fogo e usurpação de função pública. Michel Borges da Silva, representante legal da Hawk, irá responder por homicídio por omissão, porte ilegal de arma, fraude processual e favorecimento real. Já o técnico de TI Alex Dias Braga da empresa, vai responder por favorecimento real, fraude processual e falso testemunho, uma vez que, em depoimento à polícia, mentiu que as imagens de segurança eram apagadas a cada cinco dias e que as gravações só eram ativadas por sensibilidade ao movimento.

Histórico do caso 

Essa decisão das autoridades aconteceu nove meses após a morte de Claiton e com inúmeras dificuldades durante as investigações. Inicialmente, o episódio foi interpretado como resposta em legítima defesa após uma tentativa de roubo.

A primeira versão dos fatos foi dada pelos seguranças do condomínio, na qual alegaram que Claiton tentou roubar seis baldes de massa acrílica, um ancinho de jardim e um rolo de 20 metros de cano de cobre, que estavam sendo utilizados em obras de uma casa. Assim, os funcionários teriam abordado o pedreiro que concordou em parar, porém tentou fugir com um carro quando descobriu que a Polícia Militar seria acionada. 

Dessa forma, alegaram que ele avançou com o carro para cima dos seguranças e, então, foram feitos os disparos supostamente em legítima defesa. Os cinco tiros acertaram o carro e a cabeça de Claiton. Ainda com vida, a vítima foi levada ao hospital e foi preso em flagrante por roubo impróprio (com emprego de violência ou grave ameaça), e a ação dos seguranças, classificada como legítima defesa. Claiton permaneceu por 11 dias em coma induzido até não resistir e morrer em 8 de fevereiro. 

Apesar do esclarecimento acerca do assassinato, a justiça ainda não foi concluída, visto que os culpados ainda estão em liberdade e a família da vítima sofre com dificuldades financeiras. Claiton era pai de oito filhos e sustentava sua família. 

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