Por Ricardo Melo
Bolsonaro entrou no debate da Globo para o tudo ou nada. Agressivo, começou tentando carimbar em Lula o rótulo de mentiroso. Seguiu assim até o fim. Só que lhe faltavam dados confiáveis para sustentar seu bordão.
Lula, como líder nos votos, adotou um comportamento sereno. Recusou-se a entrar neste jogo. Fez cobranças com base em dados disponíveis para qualquer um. Durante os governos petistas, o salário-mínimo teve aumento real de 74%. Na administração Bolsonaro, zero por cento.
Nos dados sobre a fome, Bolsonaro recorreu a um estudo do IPEA sabidamente irregular. Foi feito sob encomenda pelo presidente do organismo sem consulta aos especialistas da instituição. Tudo para tentar atenuar a quantidade de 33 milhões de brasileiros que não tem o que comer.
Lula até que foi complacente no geral. Citou o episódio do criminoso Roberto Jefferson, mas deixou de lado o escândalo da suposta manipulação de inserções de Bolsonaro em rádios –citada pelo próprio presidente no primeiro bloco.
Pouco antes, o autor da denúncia, o ministro das Comunicações Fabio Faria, deu entrevista se “arrependendo” de ter embarcado nesta história. Notícia quente desperdiçada pelo petista.
Um bloco inteiro foi dedicado à política externa, assunto importante, mas incapaz de interessar ao espectador que está desempregado, ganhando menos, sem direitos trabalhistas; à grande maioria do povo que tenta viver o presente sem ter perspectivas de futuro.
No restante, Bolsonaro foi massacrado quando o tema foi saúde. Sua atuação na pandemia é e sempre será indefensável. Agiu de forma criminosa em todos os sentidos. Não foi capaz de lembrar de uma obra de seu governo no setor.
Lula venceu o debate. Confirmou sua condição de liderança na corrida eleitoral. Mas isto só será sacramentado no domingo com uma participação massiva de quem prefere a democracia, a melhoria de vida do povo pobre, das mulheres, dos jovens, dos negros, das minorias. Do Brasil enfim.
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