Pela manhã da última segunda-feira (12/07) recebi uma convocatória urgente, chamando a militância para comparecer no Consulado de Cuba em São Paulo.
Por Guilherme Gandolfi “Frôdu”, especial para os Jornalistas Livres
O final de semana na ilha foi marcado por protestos contra e a favor do governo. Pelos grupos de direita circulavam mensagens chamando pessoas para invadir as representações do governo socialista no Brasil.
Remarquei reuniões, me articulei com o movimento, peguei a câmera e parti rumo ao Consulado de Cuba, não para defender um prédio, mas para defender uma ideia.
A ideia de que é possível existir um mundo onde a vida seja mais importante do que o dinheiro. Onde liberdade seja sinônimo de direitos e não de consumo.
Movimentos e partidos de esquerda (PCO, PCB, UP, Consulta Popular, Levante, UJS, MST, MTD…) com suas bandeiras, com as bandeiras do Brasil e também de Cuba estavam lá e lá ficamos das 15h em diante
Nós que discordamos radicalmente do governo Bolsonaro, o enfrentamos, sem fugir ou vender nosso povo.
Do outro lado a direita, cerca de quinze pessoas, que não questiona o criminoso bloqueio econômico.
Sob o olhar da polícia, começou um empurra, empurra, troca de ofensas e xingamentos em portunhol. Os nossos conhecidos gritos de “Coxinha” substituídos por “Gusanos traidores”; “Fidel está morto” no lugar de “Lula ladrão”.
Durante o ato, recebemos a notícia de que houve uma tentativa, fracassada, de invasão na Embaixada de Cuba em Brasília. Atenção redobrada.
A esquerda garantindo a defesa do consulado e gritando “Recua, direita recua…”. O Impasse se estendeu por horas, com provocações dos dois lados.
Um dos manifestantes contra o governo revolucionário me chamou a atenção, usando roupas mais caras que meu salário, falava de “fome” e “morte” como se não estivéssemos no Brasil dos 530 mil mortos (oficiais) pela COVID , das chacinas nas quebradas, onde Matheus ficou preso 10 dias, onde Pilha só saiu da prisão nesse final de semana.
Como se não estivéssemos na absurdamente desigual São Paulo. Descrevem o capitalismo e culpam Fidel!
Por volta das 21h, depois da direita sair escoltada pela PM, os representantes do Consulado de Cuba nos agradeceram. Numa linda ação simbólica o MST fez uma doação de produtos da reforma agrária, do povo brasileiro para o cubano.
Por aqui, resistimos lutando, sabendo que nossos sonhos são os do mundo e aquela pequena ilha no Caribe nos enche de esperança, esperança daquele tipo Verbo da qual falava Paulo Freire.
*Guilherme Gandolfi “Frôdu” É comunicador popular, colabora com Jornalistas Livres e milita na Consulta Popular e no Levante Popular da Juventude