Mobilização pede justiça para o caso de estupro de vulnerável em festa da Medicina da USP

Foi suspenso, mais uma vez, o julgamento em segunda instância no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) do médico Daniel Tarciso da Silva de Cardoso acusado de estupro de vulnerável quando aluno da Faculdade de Medicina da USP numa festa universitária. A decisão aconteceu nesta segunda-feira, 2.

O colegiado de desembargadores, além de ter nas mãos um processo simbólico, à sombra de atitudes institucionais de “cumplicidade” com o acusado, se viu pressionado por coletivos feministas e movimentos de defesa dos direitos humanos, que ocuparam os corredores do tribunal pela segunda vez.

O pedido de vista do processo pelo desembargador Geraldo Luis Wohlers Silveira foi considerado um VITÓRIA pelos coletivos e movimentos que ocuparam os corredores do TJ-SP, e que tem se mobilizado em atos, debates e espalhado informação pela rede sobre o caso.  O desembargador Maurício Henrique Guimarães  Pereira Filho, relator do processo pediu a absolvição do réu, e o processo corre em sigilo de justiça.

Entenda mais sobre o caso 

ALERTA: Médico da USP, acusado de estupro pode ficar impune e sobre o simbolismo da cultura do estupro nas universidades e na sociedade em  O que o caso de estupro na Faculdade de Medicina da USP revela sobre a nossa sociedade, ou ainda como o machismo e misôginia são atitudes frequêntes e até esperadas dentro das faculdades de medicina em  Estudantes de medicina baixam as calças sob os jalecos e ameaçam as mulheres. 

 

Assista a cobertura feita hoje, 2,  ao vivo na saída do Tribunal:

Adiamento do processo do estuprador da USPVITÓRIA DA MOBILIZAÇÃO DOS COLETIVOS FEMINISTA E DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS #AO_VIVO da frente do TJ-SP Relator do Tribunal e Justiça pediu a absolvição e um outro Desembargador pediu vistas do processo para terem mais tempo para analisar. Adriano Diogo e Amelinha Teles e representantes dos coletivos avaliam como sendo uma vítoria dos movimentos de defesa dos direitos humanos e os coletivos feministas que estão fazendo pressão POR JUSTIÇA.O Julgamento em segunda instância no TJSP é do médico Daniel Tarciso da Silva de Cardoso¨ acusado de estupro de vulnerável quando aluno da Faculdade de Medicina da USP numa festa universitária.Uma sociedade que tem um (ex) médico como Roger Abdelmassih, 73, condenado a 181 anos por 56 condutas de abuso de pacientes mulheres caracterizadas como estupro, em sua clínica de reprodução. NÃO PODE DEIXAR IMPUNE A CULTURA DE ESTUPRO que já INICIA NO RITUAL DE TROTES NAS FACULDADES.A Faculdade permitiu que ele se titula-se “à portas fechadas para não causar tumulto” e o réu conseguiu em 2017 o registro de médico no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco e pretende especializar-se em ginecologia e obstetrícia.

Gepostet von Jornalistas Livres am Donnerstag, 2. August 2018

 

Assista, também transmissão feita ao vivo, no dia 19, da mobilização no tribunal no primeiro dia em que estava planejado o julgamento, mas que defesa pediu o adiamento. Importantes entrevistas esclarecem o andamento do caso, e as principais questões envolvidas.

 

#AoVivo Julgamento em 2ª instância Daniel trote usp

Gepostet von Jornalistas Livres am Donnerstag, 19. Juli 2018

 

O simbolismo deste caso

Apesar das denúncias a Faculdade permitiu que Daniel Tarciso da Silva de Cardoso se titula-se “à portas fechadas para não causar tumulto” e o réu conseguiu em 2017 o registro de médico no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco e pretende especializar-se em ginecologia e obstetrícia.

Em fevereiro de 2017 Daniel Tarciso da Silva de Cardoso foi inocentado pelo juiz Klaus Marouelli Arroyo, da 23ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. Na sentença, Arroyo justifica sua decisão com base na “inconsistência das declarações da ofendida”.

Em 2014, por iniciativa de Adriano Diogo, então deputado estadual, foi criada uma CPI na Assembleia Legislativa para averiguar violações de direitos humanos nas instituições universitárias, que ficou conhecida como CPI dos Trotes. A CPI documentou denúncias de racismo institucional e de uma cultura do estupro nas universidades. O relatório verificou que “112 estupros em 10 anos” teriam sido cometidos “no chamado ‘quadrilátero da saúde’ área da USP onde estão concentradas no Bairro de Pinheiros, na Capital paulista, as faculdades ligadas às Ciências Médicas”. 

A CPI descobriu que havia pelo menos mais 5 casos de abuso envolvendo Danielo. Duas dessas vítimas se dispuseram a testemunhar¨ contando o mesmo modo de operação de Daniel, oferecer uma bebida adulterada e ter relações sexuais com a moça desacordada.

 

A reação

Nesse contexto de mobilização em prol da pauta de Direitos Humanos a Faculdade de Medicina da USP presenciou o surgimento de grupos auto-organizados que buscavam quebrar a cultura da omissão institucional e dar voz as vitimas dos diversos casos de violência que a universidade vivia. Grupos como o Coletivo Feminista Geni e a Rede Não Cala USP estão sendo fundamentais para acolher as alunas e atuar de forma a tornar a faculdade, aos poucos, um ambiente menos permissivo a violências.

 

NÃO PODEMOS ESQUECER:

Do caso do (ex) médico Roger Abdelmassih, 73, condenado a 181 anos de prisão por abusar sexualmente de 56 pacientes em sua clínica de reprodução.Hoje ele está em prisão domiciliar, mas seus advogados ainda tentam a sua absolvição, junto ao STF. 

 

O caso de Roger Abdelmassih, é tão absurdo, mas ele sinaliza como o cenário que compõe a narrativa da mídia sobre estupro no Brasil, pode ser um componente bastante estimulador da impunidade, e por tanto da perpetuação da injustiça.

Em materia do Jornal da Usp  a jornalista Lieli Karine Vieira Loures fala de sua pesquisa, feita para Escola de Comunicações e Artes (ECA), em que analisou as reportagens do jornal Folha de S. Paulo sobre o caso Roger Abdelmassih, publicadas entre janeiro de 2009 e maio de 2015. De acordo com o estudo, o discurso jornalístico usado estava em desacordo com o discurso jurídico do Ministério Público Estadual (MP).

“O jornal se referia às mulheres como acusadoras. Porém, quem estava acusando era o Ministério Público. A Folha de S. Paulo somente começou a chamá-las de vítimas após Abdelmassih ser condenado e fugir do Brasil”, conta a autora da pesquisa.

 

 

 

 

A Pesquisa pode ser acessada no banco de teses da USP neste LINK

 

 

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