Na terça-feira, 24/08, durante reunião ordinária do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo a congregação assistiu, perplexa, à demonstração de racismo perpetrada por membros do Conselho. Diante das falas de duas alunas negras, dois professores manifestaram posturas racistas consideradas inaceitáveis.
O caso aconteceu após a emissão da Portaria GR n. 7670, de 12/08/2021, alterada pela Portaria GR no 7671, de 19/08/2021. Na prática, o documento obrigava a comunidade uspiana a retomar o trabalho e o estudo presencial sem antes ter havido uma ampla interlocução com as partes envolvidas. Dias antes, representantes das diversas unidades tiveram que elaborar um documento solicitando a inclusão do assunto na pauta.
Uma das manifestações desrespeitosas ocorreu quando aluna de Biblioteconomia, Larissa Proença, falava sobre a importância de um retorno seguro, dado que a população mais vulnerável da USP – estudantes cotistas e que moram longe – ficaria ainda mais exposta aos riscos da Covid-19. Enquanto a estudante falava, um outro membro do Conselho,o professor André Lucirto, fazia muxoxos e balançava a cabeça negativamente com um sorriso debochado no rosto, numa atitude evidentemente desrespeitosa à opinião de Larissa, que era diametralmente oposta à sua.
Como se não bastasse, logo após a fala de outra aluna negra, Letícia Oliveira, estudante da Faculdade de Direito, e diretora do DCE, houve o vazamento de um áudio, no mínimo, constrangedor. Nele, ouve-se, nitidamente, quando o Professor Carlos Ferreira dos Santos, da Faculdade de Odontologia de Bauru reclama sobre a pluralidade na universidade – segundo ele, isso às vezes atrapalha.
Em resposta às manifestações consideradas racistas por boa parte dos presentes, diversos representantes postaram no chat da reunião os dizeres em caixa alta “Ações afirmativas sim. Racistas não”.
Em sua defesa, o Professor Carlos disse que “em momento algum quis criticar a pluralidade da USP” e que “tem orgulho” dela. Disse que simplesmente desabafou dizendo que a pluralidade impede que “uma decisão seja tomada”.
Sem argumentos convincentes, o que ficou ainda mais evidente foi o racismo e sua tradicional negação, além do caminho a ser trilhado para que se alcance a igualdade racial na nossa sociedade.