Carrasco da ditadura militar na Amazônia, o agente da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o Major Curió, de 87 anos, morreu nesta madrugada (17) em Brasília. O responsável por mais de 40 assassinatos entre outubro de 1973 e o final de 1974 no Araguaia, sofreu sepse e falência múltipla dos órgãos.
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento guerrilheiro que se construiu na região amazônica brasileira, ao longo do rio Araguaia, entre o fim da década de 1960 e 1974. Criada pelo Partido Comunista do Brasil, tinha por objetivo fomentar uma revolução socialista a partir do campo. O movimento era composto por oitenta guerrilheiros sendo que, destes, menos de vinte sobreviveram, entre eles, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, que foi detido pelo Exército em 1972, ainda na primeira fase das operações militares.
E é nesse cenário que Major Curió ordena a prisão, tortura e execução dos guerrilheiros que haviam se estabelecido na divisa dos estados do Tocantis, Pará e Maranhão. A maioria dos combatentes, formada principalmente por ex-estudantes universitários, foi morta em combate na selva ou executada após sua prisão pelos militares. Mais de cinquenta pessoas seguem desaparecidas ainda hoje.
Em 2009, Curió divulgou milhares de documentos sobre a Guerrilha do Araguaia que estavam guardados há 35 anos. A partir dos registros, foi possível detalhar as ações os militares. O Major organizou e participou de sessões de tortura disfarçado, e utilizou identificações falsas fornecidas pelo próprio Governo Geisel e pela Rede Globo para atuar na região. Curió “foi” Paulo, repórter da Globo, e Marco Antônio Luchinni, técnico do Ministério da Agricultura.
Após alguns anos, no início da década de 1980, Curió foi mandado pelo governo militar para a região de Serra Pelada para comandar a exploração de ouro na região. Mais de 30 mil garimpeiros invadiram a região atrás do ouro e deram início a devastação do local com o maior garimpo a céu aberto do mundo. O major comandava um exército de mais de 100 mil homens enfiados nas crateras no sudeste do Pará.
Após a proibição da exploração que contaminava as terras, as águas e o ar, Curió transformou a região na cidade de Curionópolis, onde anos depois foi prefeito e em seguida deputado federal pelo, na época, PMDB.
Curió era um grande fã e apoiador de Jair Bolsonaro e eles chegaram a se encontrar em 2021.
Uma resposta
Massacre no Araguaia????
Vcs mesmo disseram que ele combateu guerrilheiros.