A Corrente Jamais Será Quebrada.
Ao entrar na quadra dos Gaviões Da Fiel, a mensagem está dada. Você dá de cara com ela sendo guardada sob as asas do gavião, como também é sempre lembrada em músicas, como a “Que Bobos”, composta no final dos anos 90 em resposta a proibição da presença das torcidas organizadas nos estádios. A intenção era dizer que o fiel torcedor sempre estaria presente, pois independente da camisa, o que realmente vai para as arquibancadas é o coração.
Corrente. A primeira vez que me deparei com a frase foi há 10 anos. Em 2010, me filiei aos Gaviões Da Fiel e, pela primeira vez, entrei na quadra para a reunião de novos sócios. A frase ao fundo, era um grito dentro da minha cabeça, refletia meus já quase 30 anos como corinthiano, sou Corinthians de nascença, inicialmente por influência do meu pai, posteriormente por aquele tipo de identificação e sentimento de pertencimento que temos poucas vezes na nossa vida.
Entretanto nos 10 anos que se seguiram à minha filiação, tive poucas oportunidades de vivenciar o cotidiano da organizada devido aos compromissos profissionais e todo o corre que o sistema impõe à vida adulta.
Corrente. Daí chegamos a 2020, que nos trouxe uma pandemia e nos tirou diversas coisas, como a liberdade de ir e vir, o abraço das pessoas que amamos, a tranquilidade e, no meu caso e no de diversos outros brasileiros, o trabalho e as fontes de renda. Mas a pandemia também nos trouxe outras coisas, junto com a quarentena e a obrigação de estar o maior tempo recluso.
Veio a oportunidade da reflexão, que na maioria das vezes é mais complicada e conturbada do que queremos. Afinal, quando o mundo fora de nós se silencia, o antigo cotidiano perde muito do seu sentido. É mais fácil escutar aquele voz dentro das nossas cabeças, aquela voz que é um pouco da nossa essência e que diariamente tenta nos lembrar de quem somos e o que realmente importa, mas que geralmente é sufocada pela pressão do dia a dia e pelo incômodo que o óbvio costuma nos causar.
A pandemia também me trouxe outra coisa valiosa, o tempo. Esse tempo me proporcionou a oportunidade de estudar e pesquisar mais, conhecendo melhor o trabalho do Departamento Social dos Gaviões da Fiel, que já realiza ações há 25 anos. Depois de algum tempo e alguns contatos, me dispus a participar das atividades, em especial, fazendo registros fotográficos das ações sociais e colaborando nas redes sociais do departamento, para buscar maior visibilidade dos trabalhos realizados e que pudesse converter em uma maior participação e mais doações da comunidade, permitindo assim, a continuidade a ampliação das ações.
Corrente. As ações do Departamento Social dos Gaviões da Fiel vão desde de distribuição de cestas básicas, refeições e roupas para pessoas em situação de rua e comunidades carentes, até doação de ração para cachorros de rua, passando por atividades para levar um pouco de alegria às crianças, como a que aconteceu recentemente na Favela do Moinho, em São Paulo para celebrar o Dia das Crianças.
Vivenciar esse dia a dia, me leva sempre àquela frase ao fundo da quadra e a reforça em um lugar bem fundo dentro de mim, para que nunca seja esquecida e para que a compreensão da importância da força coletiva e sobre como as pessoas se revelam verdadeiramente nos momentos difíceis, não deve ser questionada.
A quem se interessar em conhecer melhor os trabalhos do Departamento Social, recomendo assistir o programa Papo De Gavião #3, disponível no canal no Youtube do Acervo Gaviões da Fiel, onde o Cléber, diretor do departamento, conta a história desse setor tão importante da organizada e sobre atuação que está sendo feita nesse período de pandemia. Também busquem pela belíssima documentação que a Tuane Fernandes, a Janaína Maurer e o Vitor Shimomura estão realizando para a Inside National Geographic.
Para quem tiver interesse em realizar doações ou colaborar de alguma forma, entre em contato pelo telefone (11) 98228-2558 ou pelas redes sociais, onde poderão obter maiores informações.
A corrente jamais será quebrada!
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Minibio
Fernando Lago tem 37 anos, é fotógrafo, natural de Santo André e reside atualmente em São Bernardo do Campo, ambas cidades da região do ABC em São Paulo. Dedica-se aos estudos e trabalho, e fotografia desde 2006. Já realizou trabalhos por onde a fotografia abriu portas, entre fotojornalismo, eventos e still, entretanto seus trabalhos autorais estão focados há alguns anos, na fotografia de rua e documental como forma de tentar contar histórias. Também é fundador da Lacuna Images.
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Para conhecer mais o trabalho do artista
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https://www.facebook.com/fernandolagophoto
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O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.
Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente