Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #45 – Iara Guedes: Sonhos Pandêmicos

Iara Guedes apresenta o 45º ensaio do Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro - Imagens que narram nossa história
Iara Guedes

Sonhos Pandêmicos.

Seriam os idosos os primeiros a serem atirados ao mar para aliviar o peso do barco?

Pois é assim que sinto que está sendo com minha mãe nessa pandemia. Tanto na esfera pessoal, familiar, quanto nas falas do presidente do Brasil, quando afirmou que a Covid-19 só matava velhinhos e, portanto, não precisávamos nos preocupar.

Há alguns anos, venho desenvolvendo um trabalho performático com minha mãe sobre como nossa sociedade ocidental descarta os idosos. Baseado inicialmente no filme A Balada de Narayama, de Keisuke Kinoshita, onde, em uma pequena vila, com recursos muito escassos, um filho executa o tradicional ritual de levar sua mãe para o topo da montanha, para encontrar os deuses, e no conceito do antropoceno, onde o ser humano estaria afetando o planeta de tal forma, que passaria a ser considerado estarmos vivendo em uma nova era geológica.

Nesse sentido, o paradoxo entre deixar espaço para o novo e eliminar o antigo, mas, ao mesmo tempo, o futuro não poder existir sem o passado, é proposto como uma questão fortemente evidenciada durante a atual crise. Uma questão pulsante do aqui e agora. Do presente.

Os valores atuais, baseados em neoliberalismo, capitalismo e outros ismos, não servem se são exclusivos. Precisamos incluir e não excluir. O conceito de exclusividade se torna extremamente obsoleto, antiquado e indo mais além, antiético, diante das feridas expostas e das máscaras caídas nessa pandemia.

De forma lúdica, essa série fotográfica reflete sobre a fragilidade, a vulnerabilidade, mas também, sobre a força da rebeldia em tempos sombrios e de valores invertidos, e sobre a compaixão e solidariedade que são capazes de florescer, mesmo quando o ar está rarefeito, a luz é escassa e o espaço limitado. 

Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes
Iara Guedes

.

Minibio

Iara Guedes é uma artista multimidia vivendo essa pandemia com sua mãe e parceira artistica.

Conheça mais o trabalho da artista:

https://www.instagram.com/iara.guedes.art/

https://www.instagram.com/spirited.away.heroes/

.

O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

A poeta e o monstro

A poeta e o monstro

“A poeta e o monstro” é o primeiro texto de uma série de contos de terror em que o Café com Muriçoca te desafia a descobrir o que é memória e o que é autoficção nas histórias contadas pela autora. Te convidamos também a refletir sobre o que pode ser mais assustador na vida de uma criança: monstros comedores de cérebro ou o rondar da fome, lobisomens ou maus tratos a animais, fantasmas ou abusadores infantis?

110 anos de Carolina Maria de Jesus

O Café com Muriçoca de hoje celebra os 110 anos de nascimento da grande escritora Carolina Maria de Jesus e faz a seguinte pergunta: o que vocês diriam a ela?

Quem vê corpo não vê coração. Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental na classe trabalhadora.

Desigualdade social e doença mental

Quem vê corpo não vê coração.
Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental. Sobre como a população pobre brasileira vem sofrendo com a fome, a má distribuição de renda e os efeitos disso tudo em nossa saúde.

Cultura não é perfumaria

Cultura não é vagabundagem

No extinto Reino de Internetlândia, então dividido em castas, gente fazedora de arte e tratadas como vagabundas, decidem entrar em greve.

Macetando e nocegando no apocalipse

Macetando e nocegando

O Café com Muriçoca de hoje volta ao extinto Reino de Internetlândia e descobre que foi macetando e nocegando que boa parte do povo, afinal, sobreviveu ao apocalipse.