Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #29 – André Okuma: MemoriAr

André Okuma apresenta o 29º ensaio do Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro - Imagens que narram nossa história
André Okuma

Ar, de repente, nos damos conta de que tudo se resume ao ar… ou a falta dele. Dos fatais sintomas da COVID-19 a George Floyd passando pelas crises de ansiedade. Morrendo de tédio dentro de casa ou sendo obrigado a trabalhar fora de casa com o pavor do risco iminente, o ar nos falta física e psicologicamente, nos atravessa de maneira brutal e profunda.

Pensar e criar são duas palavras fundamentais para a Arte, as duas terminam com AR, Arte inclusive, começa com AR. Porém, para nós artistas, o ar está ainda mais rarefeito, seja por ser uma das áreas mais afetadas pela pandemia, seja pelos desmontes em políticas públicas, seja pela perseguição e censura instaurada, a cada dia, está mais difícil ser artista, não há “inspiração” que dê conta.

Entretanto, nos longos dias de procrastinação e lamento, me deparei com antigas imagens que fiz, nelas percebi um tipo de foto que se repetia de maneira recorrente, mas que não havia percebido em outros momentos, são fotos de paisagem que têm em sua composição muito céu – e muito ar. Vê-las agora, depois de anos, me trouxe um frescor, memórias distantes vieram como uma brisa reconfortante, sensações quase esquecidas fazem me lembrar quem sou, e que num assombro repentino, se tornam tão imensas que mal consigo segurá-las em mim, porque é ar, e assim como ele entra também sai, o ar transborda tudo.  As imagens aqui nesta pequena série são isso, memórias de ar, memórias como ar, para me manter vivo, porque “Quem não luta tá morto!”

André Okuma
André Okuma
André Okuma
André Okuma
André Okuma
André Okuma
André Okuma
André Okuma
André Okuma

.

André Okuma faz filmes e algumas fotos, mora em Guarulhos-SP.

Conheça mais o trabalho do artista:

https://www.instagram.com/andre_okuma/

.

O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

A poeta e o monstro

A poeta e o monstro

“A poeta e o monstro” é o primeiro texto de uma série de contos de terror em que o Café com Muriçoca te desafia a descobrir o que é memória e o que é autoficção nas histórias contadas pela autora. Te convidamos também a refletir sobre o que pode ser mais assustador na vida de uma criança: monstros comedores de cérebro ou o rondar da fome, lobisomens ou maus tratos a animais, fantasmas ou abusadores infantis?

110 anos de Carolina Maria de Jesus

O Café com Muriçoca de hoje celebra os 110 anos de nascimento da grande escritora Carolina Maria de Jesus e faz a seguinte pergunta: o que vocês diriam a ela?

Quem vê corpo não vê coração. Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental na classe trabalhadora.

Desigualdade social e doença mental

Quem vê corpo não vê coração.
Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental. Sobre como a população pobre brasileira vem sofrendo com a fome, a má distribuição de renda e os efeitos disso tudo em nossa saúde.

Cultura não é perfumaria

Cultura não é vagabundagem

No extinto Reino de Internetlândia, então dividido em castas, gente fazedora de arte e tratadas como vagabundas, decidem entrar em greve.

Macetando e nocegando no apocalipse

Macetando e nocegando

O Café com Muriçoca de hoje volta ao extinto Reino de Internetlândia e descobre que foi macetando e nocegando que boa parte do povo, afinal, sobreviveu ao apocalipse.