Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #127 – Laura Gorski: Brotar no Encontro

Laura Gorski apresenta o 127º ensaio do Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro - Imagens que narram nossa história
Laura Gorski, Brotar no encontro capa

Brotar no encontro, 2021.

A floresta me atravessou e ainda atravessa. Ir para a floresta é ir para um encontro amoroso. O encantamento pelo desconhecido magnético. A floresta é um abismo que te convoca. Você a quer. Ela te chama. São camadas e camadas de encantamento. São camadas e camadas de não saber. Ninguém sabe a floresta. Ela te acolhe pois é indomável. A floresta é liberdade de ser. A floresta é imensidão. Ela é o buraco habitado. É o encontro amoroso consigo e com o outro. É um lugar onde não existe dominador e dominado. Não existe abuso de poder na floresta. Não existe hierarquia na floresta. Vida e morte são a vida e a morte em estado bruto. Tudo o que é, faz parte do todo. Tudo o que deixa de ser, faz parte do todo. É o grande pertencimento do mundo sendo uma semente, um microorganismo, uma árvore centenária, uma onça. Tudo faz parte do todo. É tudo e pode ser nada no segundo seguinte e continua sendo parte do todo. A floresta é o encontro do tudo com o nada dentro do todo. Estar na floresta é entender, pelo corpo, que não existe fora. A floresta é o grande dentro circular. Tudo cabe. Tudo faz parte. Tudo pode existir. É incorporado à vida. A floresta é selvagem e generosa ao mesmo tempo. Como o corpo da mulher. A floresta é feminina. A floresta é casa. Nela tudo cabe. Ela acolhe.

A floresta
A terra
A folha
A semente
A árvore
A água
A montanha
A lama
A chuva
A concha
A planta
A raiz
A fruta
A pedra

Laura Gorski, Brotar no encontro1
Laura Gorski, Brotar no encontro2
Laura Gorski, Brotar no encontro3
Laura Gorski, Brotar no encontro4
Laura Gorski, Brotar no encontro5
Laura Gorski, Brotar no encontro6
Laura Gorski, Brotar no encontro7
Laura Gorski, Brotar no encontro8
Laura Gorski, Brotar no encontro9
Laura Gorski, Brotar no encontro10
Laura Gorski, Brotar no encontro 11
Laura Gorski, Brotar no encontro 12
Laura Gorski, Brotar no encontro 13
Laura Gorski, Brotar no encontro 14
Laura Gorski, Brotar no encontro 15
Laura Gorski, Brotar no encontro 16
Laura Gorski, Brotar no encontro 17
Laura Gorski, Brotar no encontro 18

.

Para conhecer mais o trabalho da artista

lauragorski.com

https://www.instagram.com/laurabgorski/

.

Minibio

Laura Gorski (São Paulo, SP, 1982) é artista visual e educadora. Sua pesquisa envolve a investigação de paisagens por meio do deslocamento, a criação de lugares contemplação e silêncio através do desenho e sua relação com o corpo e o espaço. Formou-se em Design de produto pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

Dentre as exposições que participou se destacam as individuais Arquipélago de instantes (Blau Projects, São Paulo, SP, 2017), Repouso (Centro Cultural São Paulo, SP, 2016 – contemplada pelo Edital ProAC) e Paragem (Zipper Galeria, São Paulo, SP, 2011) e as coletivas Novas Efervescências (Espaço Cultural Porto Seguro, São Paulo, SP, 2019), Como falar com as árvores (Galeria Z42, Rio de Janeiro, RJ, 2019),  Dias úteis (Centro Brasileiro Britânico, São Paulo, SP, 2016), Ichariba Chode (Plaza North Gallery, Saitama, Japão, 2015), Dysraphic City (Projektraum Kunstraum Kreuzberg, Berlim, Alemanha, 2013).

Participou das residências artísticas SACATAR na Ilha de Itaparica, Brasil (2019/2020); Casa Wabi em Puerto Escondido, México (2019), Terra UNA na Serra da Mantiqueira, Brasil (2018), LABVERDE na Floresta Amazônica, Brasil (2017), ZKU em Berlim, Alemanha (2013), cidade na qual viveu durante um ano e Fundação Bienal de Cerveira, em Portugal (2012), onde integrou a 17a Bienal de Cerveira. É professora de artes na Escola Vera Cruz.

Como educadora trabalhou na coordenação da Ação Educativa do Instituto Tomie Ohtake, integrou a equipe de coordenação dos ateliês da 29a Bienal Internacional de São Paulo, foi professora de artes do Ensino Fundamental I na Escola Castanheiras e trabalhou na OSCIP Comunidade Educativa CEDAC com formação de professores em diversas regiões do Brasil como Pará, Maranhão, Espírito Santo e Minas Gerais.

.

O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, essenciais, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

A poeta e o monstro

A poeta e o monstro

“A poeta e o monstro” é o primeiro texto de uma série de contos de terror em que o Café com Muriçoca te desafia a descobrir o que é memória e o que é autoficção nas histórias contadas pela autora. Te convidamos também a refletir sobre o que pode ser mais assustador na vida de uma criança: monstros comedores de cérebro ou o rondar da fome, lobisomens ou maus tratos a animais, fantasmas ou abusadores infantis?

110 anos de Carolina Maria de Jesus

O Café com Muriçoca de hoje celebra os 110 anos de nascimento da grande escritora Carolina Maria de Jesus e faz a seguinte pergunta: o que vocês diriam a ela?

Quem vê corpo não vê coração. Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental na classe trabalhadora.

Desigualdade social e doença mental

Quem vê corpo não vê coração.
Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental. Sobre como a população pobre brasileira vem sofrendo com a fome, a má distribuição de renda e os efeitos disso tudo em nossa saúde.

Cultura não é perfumaria

Cultura não é vagabundagem

No extinto Reino de Internetlândia, então dividido em castas, gente fazedora de arte e tratadas como vagabundas, decidem entrar em greve.

Macetando e nocegando no apocalipse

Macetando e nocegando

O Café com Muriçoca de hoje volta ao extinto Reino de Internetlândia e descobre que foi macetando e nocegando que boa parte do povo, afinal, sobreviveu ao apocalipse.