Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #126 – Maurício Brandão: _ _ _ Mil Mortos

Maurício Brandão apresenta o 126º ensaio do Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro - Imagens que narram nossa história
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos2

“_ _ _ Mil Mortos” é uma série de intervenções gráficas sobre cédulas de dinheiro, uma espécie de remake da série original “Inserções em Circuitos Ideológicos” de Cildo Meirelles (1970), em que o artista carimbava notas com a pergunta: “Quem matou Herzog?”

Apesar de passados mais de 50 anos, nos vemos vertiginosamente caminhando pra trás e nos aproximamos dos Anos de Chumbo quando se assassinavam opositores ao sistema e se escondiam os corpos, ou os algozes. Hoje nem se escondem mais os corpos, eles se acumulam diante de nossos olhos em valas e gráficos informativos.

O valor real da vida virou número, pura estatística e se equiparou ou valor abstrato do dinheiro. Afinal estamos encurralados pelo falso dilema no qual temos que optar entre a vida e o PIB. Não é novidade que o liberalismo econômico em voga, coisifica o corpo, relativiza o valor da vida, classifica-a por sua utilidade de produção e acumulação, seu custo x benefício.

Anestesiados que estamos pela (falta de) dor, vemos impotentes um genocídio em marcha. Enquanto contamos os mortos pelos milhares, tentamos dar vazão a essa angústia, a essa raiva que nos consome na reclusão do lar.

A idéia da série é explorar a necessidade dessa fala sufocada, desse grito indignado inspirado pela grande sacada do Cildo, da multiplicação e difusão de uma mensagem nessa mídia analógica de massa e de grande fluxo que é o dinheiro impresso.

A cada dia a intervenção é atualizada com novas cifras dos mortos em outras notas que são reinseridas no fluxo da moeda corrente.

Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos1
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos2
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos3
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos5
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos4
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos7
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos6
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos 11
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos 10
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos 8
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos 9
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos 12
Maurício Brandão, _ _ _ Mil Mortos 13

.

Minibio

Maurício Brandão é arquiteto e artista integrante do coletivo Bijari desde sua fundação em 1997.

.

Para conhecer mais o trabalho do artista

www.bijari.com.br

https://www.instagram.com/mooouses/

.

O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, essenciais, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

POSTS RELACIONADOS

110 anos de Carolina Maria de Jesus

O Café com Muriçoca de hoje celebra os 110 anos de nascimento da grande escritora Carolina Maria de Jesus e faz a seguinte pergunta: o que vocês diriam a ela?

Quem vê corpo não vê coração. Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental na classe trabalhadora.

Desigualdade social e doença mental

Quem vê corpo não vê coração.
Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental. Sobre como a população pobre brasileira vem sofrendo com a fome, a má distribuição de renda e os efeitos disso tudo em nossa saúde.

Cultura não é perfumaria

Cultura não é vagabundagem

No extinto Reino de Internetlândia, então dividido em castas, gente fazedora de arte e tratadas como vagabundas, decidem entrar em greve.

Macetando e nocegando no apocalipse

Macetando e nocegando

O Café com Muriçoca de hoje volta ao extinto Reino de Internetlândia e descobre que foi macetando e nocegando que boa parte do povo, afinal, sobreviveu ao apocalipse.