Privatização Chácara do Jockey: Mau negócio para o povo

Na contramão da tendência mundial, de preservação e conservação de áreas verdes, os parques públicos de São Paulo, destinados ao lazer, à cultura e à educação estão ameaçados pela atual gestão municipal. As licitações que vem sendo feitas tem se caracterizado pelo descomprometimento  com a coisa pública, falta de consulta com a sociedade civil, urbanistas, especialistas do meio ambiente e populações usuárias dos espaços  já insuficientes de áreas verdes. Acresce-se ainda que os espaços públicos da cidade estão prestes a  serem entregues à iniciativa privada, mediante contrapartidas prejudiciais ao interesse público da população paulistana.

No sábado 16 de março, ocorreu mais uma mobilização de usuários  e de moradores da Região do Butantã, contra a privatização do Parque Chácara do Jockey, criado em 2014 e inaugurado para o uso público em 2016. Este Parque, conquista de  uma luta da população da região para área de lazer e de preservação ambiental de mais de 20 anos, teve o investimento da Prefeitura de  30 milhões. Foi concebido como espaço de cultura, lazer, esporte, educação, preservando as áreas verdes e os recursos naturais, a memória da Chácara e as construções históricas.  O pólo cultural existente compreende atividades de Economia Criativa, Centro de Memória, Área de Exposição, Circuito SPCine, Centro de Informática e outros. Um dos pilares da implantação do Parque constitue-se na participação da população local através de um conselho gestor na elaboração das atividades e no controle social voltado ao interesse público.

Todo esse patrimônio está sendo ameaçado pela licitação em curso , aberta pela Prefeitura, que prevê sem nenhuma consulta da população usuária e do entorno, a privatização da área através da concessão de uso por 35 anos para a iniciativa privada.

O parque como espaço público está sendo ameaçado. Desde 2017 o governo municipal, movido pela ótica neoliberal, vem abandonando a manutenção do parque até mesmo para justificar a sua privatização. O uso do parque gratuito com esta licitação será  inviabilizado uma vez que não impõe restrições a negócios, libera espaços para exploração de alimentação, circulação de carrinhos para venda de bebidas, exploração comercial de baias, realização de shows pagos, estacionamentos comerciais.

O Movimento Chácara do Jockey denuncia este desvirtuamento de sua função e conclama a população da região a lutar pela manutenção de suas conquistas. A festa/denúncia/resistência do dia 16, teve como objetivo convidar os usuários que ainda não participam do movimento a abrir os olhos para tudo que está em jogo: este espaço de lazer, meio ambiente, educação e cultura está ameaçado de se transformar em centro de comércio e serviços pagos de lazer, meio ambiente e shows com impactos negativos significativos para a preservação e sustentabilidade do meio ambiente de toda uma região. Marcaram este dia as falas de lideranças, rodas de dança circular, grupos de capoeira, grupos musicais, confecção de cartazes, desenhos.

Ponto alto do evento foi a apresentação do grupo de Maracatu do Centro de Atendimento á Criança e ao Adolescente – CCA Gracinha, também ameaçado de fechar devido à supressão anunciada de convênio com a Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social, da Prefeitura de São Paulo.

Finalizando as manifestações do dia, o grupo manifestante saiu em passeata com cartazes e faixas, estimulados pelo Maracatu do Gracinha, denunciando o fechamento do Parque e a intenção da Prefeitura de acabar com um programa educativo que atende 180 crianças e adolescentes, pais e comunidade da região, em trabalho com a população mais vulnerável, centrado da auto afirmação enquanto sujeitos da história e no resgate e incentivo da cultura popular. Para maiores informações acesse o link com petição pública

https://peticaopublica.com.br/?pi=BR111162

Como se vê a administração do prefeito Bruno Covas como de seu antecessor João Dória estão muito pouco interessados em garantir o que é direito e conquista da população, especialmente dos segmentos mais vulneráveis. Tudo ao empreendimento imobiliário e ao povo nada!

 

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