Prisões ilegais marcam o 4º Ato do MPL em SP

Prisão de jovens no 4º Ato do MPL contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo (23.01.2020). Foto de Isabela Naiara

Após o ato do MPL terminar na Praça da Liberdade, a PM inciou a repressão com bombas. Ontem, após a queima da catraca, intervenção historica do movimento, o objeto simbólico, que segundo ao ativistas, foi adquirido num ferro velho, a Policia Militar apreendeu o objeto, alegando que poderia ser objeto de crime!

Houve um isolamento da área onde a catraca foi queimada, em frente à uma agência do Bradesco, aliás, super protegida por um pelotão da Tropa de Choque.

No final da queima da catraca, a Policia começou a disparar as balas e bombas, não houve provocação de manifestante.

A estação Liberdade-Japão e a Avenida da Liberdade estavam ocupadas por tropas da polícia. Neste momento, parte da manifestação voltou para a região da Prefeitura.

As jovens Maria Vitória e Maria Gabriela foram presas quando se dirigiam para a estação Anhangabaú, próximo ao Shopping Light. O advogado das jovens, Flávio Roberto, explicou a situação. “Elas estavam caminhando até o metrô, quando um policial deu um mata-leão na Maria Gabriela. Esse mata-leão, sem nenhuma justificativa, deixou marcas até agora”. Segundo o advogado, elas já estavam fora da manifestação quando foram abordadas, nas escadas que levam do Shopping até a estação Anhangabaú.

Acusadas pelos policiais de dano ao Shopping Light, foram encaminhadas para o 2° DP e, hoje, a juíza Carla Kaari, em audiência de custódia, determinou a liberdade provisória.

Flávio vê o seguimento do caso como absurdo. “Não tem nenhuma prova do dano que alegam que elas tenham causado ao Shopping Light. Nenhum representante do shopping para estimar ou quantificar qual teria sido esse dano ou mesmo identificar qual teria sido esse dano. Não há nenhuma testemunha, apesar de centenas de pessoas estarem na rua, que os policiais trouxessem para confirmar essa versão. É apenas a palavras unilateral do policiais”, disse.

Espera em frente ao Fórum da Barra-funda,, o resultado da audiência das jovens presas do Ato do MPL 24.01.2020 SP. Por Lucas Martins

Manifestantes foram ao Fórum Criminal da Barra Funda acompanhar a audiência de custódia, mas encontram os portões fechados. A entrada só seria permitida depois das 12h. Enquanto cerca de 20 pessoas aguardavam do lado de fora dos portões, a audiência acontecia.

Flávio entendeu que a juíza “analisou os fatos do ponto de vista formal e acabou gerando uma decisão meramente ideológica”. “Em termos jurídicos, não tinha elementos para corroborar essa prisão. Era o caso do relaxamento da prisão e que ela “não consegue se enxergar participante desse processo de criminalização injusta porque em posição de privilégio, de dentro de seu SUV blindado, você não enxerga a realidade do povo brasileiro”, declarou.

Mais sobre o ato e sobre a prisão em:

Polícia prende manifestante e sequestra catraca simbólica durante ato do MPL

 

MPL

O ato de ontem foi o quarto chamado, este ano, contra o aumento das tarifas de metrô e ônibus na cidade de São Paulo.

Os três primeiros atos foram marcados pela violência policial contra manifestantes e jornalistas.

A dinâmica tem sido a mesma a cada ato. A tropa que acompanha a manifestação em certo momento, normalmente após o encerramento do ato, impede o ato de avançar, cerca os manifestantes. A partir disso iniciam os disparos de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O contingente policial é grande – ás vezes maior que o número de manifestantes- e hostiliza os ativistas durante todo o trajeto, os cercando, determinando o próprio trajeto, ontem, por exemplo, reclamaram das máscaras de Covas que os jovens usavam, como máscaras de carnaval feitas em A4.

Enquanto os manifestantes se dispersam, fugindo das bombas e tiros, passam a caçar indivíduos isolados que estão tentando fugir e os prendem de forma violenta. Normalmente as prisões contam com a relação de 1×5. Como aconteceu ontem ou como foi com a manifestante Andreza, presa depois de ter sido arrastada pela praça da República no 3° ato.

 

Com jornalistas o cerceamento da atividade funciona por meio do intimidamento. No 1° ato o fotógrafo Rodrigo Zaim foi detido e levado para a 78° DP, sendo liberado pelo delegado quando soube que se tratava de um jornalista.

No segundo ato, um repórter da Ponte Jornalismo e este repórter foram “enquadrados” logo no início do ato. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) repudiou a violência contra o trabalho jornalístico.

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