Renê Gardim (*)
Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan decidiram escrever uma cartinha ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, numa linguagem pessoal. Deviam ter colocado em um envelope e postado nos Correios. Mas decidiram que a prioridade deveria ser uma carta aberta.
Uma carta que é um ajuntado de argumentos de economistas ortodoxos que não conseguem entender que o país está numa situação tão ruim que não dá para ficar preocupado com a bolsa (leia-se especuladores, embora insistam que não) e com o dólar.
Na realidade, a preocupação é com uma Proposta de Emenda Constitucional, a famosa PEC, que não irá provocar furo ou rombo ou um buraco aberto no teto de gastos do governo. Essa proposta vai muito além disso.
Ela quer que os recursos para o Bolsa Família (sim ele voltará a ter este nome) e para o reajuste do salário mínimo acima da inflação, sejam garantidos. Da forma em que a proposta de orçamento está as famílias, que hoje recebem R$ 600,00 por mês, voltarão a ter apenas R$ 400,00 mensais. E não se trata de gente que tem ações na bolsa e investem em dólar.
Bem, eles até dizem que é preciso fazer algo por essas pessoas. Mas não apontam como. Apenas se dizem preocupados com o tal do mercado, um personagem fictício e que ninguém nunca viu. Mas, o que existe nesse tal do mercado é o que no setor financeiro chamam de precificação do risco. Estão precificando a mudança que irá ocorrer, gostem ou não.
Então, eles estão buscando acomodar a situação com essa nova realidade que está para acontecer. E, logicamente, há sim especuladores que se aproveitam deste momento pressionando o dólar e a bolsa de valores.
E os três fiéis defensores do “mercado” se dão ao papel de pressionar o presidente eleito como se esse lhes devesse alguma coisa pela “ajuda” durante o segundo turno da eleição. E se esquecem que essa situação não foi criada por Lula mas por um governo incompetente e irresponsável, que deixou o país com cerca de 100 milhões de brasileiros em insegurança alimentar.
Lula está certo. Para mudar essa situação não dá para ficar preocupado com o que pensa o “mercado”. Esse ente irá se acomodar, como se acomodou com os desmandos do atual governo e sobreviveu, apesar de todas as dificuldades encontradas.
Já os mais pobres têm urgência. Sua sobrevivência depende de comida na mesa e o futuro governo precisa agir imediatamente, mesmo que seja obrigado a provocar um desarranjo no “mercado”. Isso irá passar logo.
(*) Jornalista há 38 anos, atuou na Folha de Londrina, Jornal de Londrina e RBS. Foi editor de economia e agronegócio no DCI. Contato pelo e-mail renegardimjornalista@adolfogarroux
Uma resposta
Nunca fizeram nada em 16 anos pelos pobres, nao é agora que irao fazer. Pelo contrario usaram a pobreza p se eleger