PRIMEIRO DE MAIO EM LISBOA LEMBRA LULA E MARIELLE

Foto: Samara Azevedo

Por Bruno Falci, de Lisboa, especial para os Jornalistas Livres

O dia 1º de maio em Portugal foi comemorado com atos em todo o país. Só em Lisboa, uma grande marcha, organizada pela CGTP – Central Única dos Trabalhadores Portugueses, reuniu milhares de pessoas.

Iniciado na praça Martim Moniz, o desfile foi animado por uma batucada como comissão de frente, seguida por sindicatos, divididos por blocos. Houve concentrações em outros locais da cidade, que se uniam à caminhada durante o percurso, aumentando cada vez mais o número de participantes no ato, que contou com a presença do secretário geral do Partido Comunista Português, Gerônimo de Souza, junto às diversas organizações e movimentos sociais.

Havia, também, um grande público presente assistindo aos trabalhadores desfilarem e engrossando o coro por mais direitos. A manifestação terminou com uma grande festa na Alameda Afonso Henriques , com barracas de inúmeros sindicatos, comidas e bebidas, para as trabalhadoras, trabalhadores e suas famílias durante toda a noite.

O Coletivo Andorinha esteve presente, bem como o Núcleo PT Lisboa, e durante todo o trajeto bradou palavras de ordem, como “Lula Livre, Marielle vive!”, “ô Sérgio Moro, preste atenção, a nossa luta é mais forte que a prisão”, entre outras.

Samara Azevedo, do Coletivo Andorinha, lembrou, em sua fala, de uma das razões do golpe – a reforma trabalhista do Temer, que retirou diversos direitos das trabalhadoras e trabalhadores. Entre elas, a permissão das grávidas trabalharem em postos insalubres; os acordos individuais, entre patrão e empregado, valerem acima do legislado (como se as duas partes tivessem a mesma força na hora da negociação); a pausa de almoço reduzida a 30 min no mínimo (na lei anterior era 1h); a criação da categoria de “trabalho intermitente”; a retirada da isenção dos custos processuais dos trabalhadores que acionem a Justiça do Trabalho, sendo obrigados inclusive a pagar “danos” ao empregador em caso de derrota (o que na prática, intimida quem está em busca de seus direitos na justiça); a permissão de jornadas de 12 horas (na lei eram 8h por dia, com no máximo 2h extras)¹.

Na concentração, o Núcleo PT Lisboa aproveitou para lançar a campanha internacional Cartas para Lula.

Ao contrário do que costumamos assistir no Brasil, não havia presença de forças policiais a fim de coibir a manifestação.

Vídeos, Bruno Falci; texto, Bruno Falci e Maíra Santafé; foto, Samara Azevedo.

A marcha foi transmitida do vivo pela página dos Jornalistas Livres.

ASSISTA 

CONCENTRAÇÃO

MARCHA

 

¹trecho do manifesto do Coletivo Andorinha (transcrito abaixo)

O DIA DOS TRABALHADORES É DIA DE LUTA INTERNACIONAL!

O dia 1º de maio é uma data histórica na luta internacional dos trabalhadores e trabalhadoras. A organização destes grupos teve papel fundamental nos avanços e conquistas de condições dignas de trabalho, salários justos e regulamentação de direitos.

No Brasil, os direitos dos trabalhadores estão em retrocesso desde a Reforma Trabalhista, de julho de 2017. Proposta e sancionada pelo governo ilegítimo de Temer, a Lei 13.467/17 apresenta uma série de retrocesso aos direitos garantidos, desde a Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943. Com o discurso de uma “atualização” da CLT, o que na verdade estava em jogo era a precarização do trabalho, atendendo a interesses apenas de grandes grupos empresariais. Com a desculpa do combate ao desemprego, a reforma agradou patrões, que agiram rapidamente com episódios de demissões em massa para recontratação posterior, forçando a diminuição de salários e a precarização das condições físicas e legais de trabalho.

A “Reforma Trabalhista”, que mais poderia se chamar de “Deforma Trabalhista”, atingiu especialmente aos grupos com condições instáveis, de rendas mais baixas, aos terceirizados e às mulheres. A abertura para os contratos intermitentes, que era suposto ser uma regulamentação dos freelancers, já tem demonstrado efeitos no país, com um crescimento acelerado dos trabalhos informais.

Dos pontos mais graves do texto, podemos citar: 1 – A permissão das grávidas trabalharem em postos insalubres; 2 – Os acordos individuais, entre patrão e empregado, valerem acima do legislado (como se as duas partes tivessem a mesma força na hora da negociação); 3 – A pausa de almoço reduzida a 30 min no mínimo (na lei anterior era 1h); 4 – A criação da categoria de “trabalho intermitente”; 5 – A retirada da isenção dos custos processuais dos trabalhadores que acionem a Justiça do Trabalho, sendo obrigados inclusive a pagar “danos” ao empregador em caso de derrota (o que na prática, intimida quem está em busca de seus direitos na justiça); 6 – A permissão de jornadas de 12 horas (na lei eram 8h por dia, com no máximo 2h extras).

Essas medidas na prática, segundo o IBGE, elevaram as taxas de informalização do trabalho, atingindo em abril o menor índice no país desde 2012, e colaboraram para o aumento do desemprego, chegando a 13,1%, (13,7 milhões de trabalhadores sem emprego).

Não podemos aceitar programas de desgoverno que se assentam na exploração e precarização das relações de trabalho! O Coletivo Andorinha se posiciona ao lado das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, imigrantes e portugueses na defesa de seus direitos! A valorização da dignidade humana nas relações de trabalho é pauta internacional!

 

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